Efeito dezembro: 10 dicas práticas para reduzir a pressão e evitar o estresse no fim do ano

Especialistas explicam por que o último mês do ano pesa mais emocionalmente

O fim do ano costuma chegar com uma mistura de cansaço, cobranças e emoções intensas. Para muita gente, dezembro deixa de ser um período de celebração e se transforma em uma fase de sobrecarga, marcada por compromissos, balanços pessoais, encontros familiares e pela pressão social de demonstrar felicidade.

Especialistas ouvidos pelo Infobae explicam que esse excesso de exigência não surge por acaso e alertam para sinais físicos e emocionais que indicam quando o estresse já passou do limite. Também compartilham estratégias para lidar melhor com esse momento e preservar a saúde mental.

Por que dezembro parece mais estressante

As últimas semanas do ano concentram diversos desafios ao mesmo tempo. Segundo o psicólogo Alejandro Schujman, especialista em adolescência e famílias, dezembro carrega uma forte carga emocional justamente quando as pessoas estão no fim de um ciclo e mais cansadas física e mentalmente.

Ele compara esse período a uma maratona em que a sociedade exige aceleração no momento em que o corpo pede pausa. Além disso, os balanços do ano e a organização das festas mobilizam sentimentos ligados a perdas, ausências, separações e frustrações.

As reuniões familiares também podem reativar conflitos antigos e aumentar a sensação de solidão, especialmente para quem não se encaixa no modelo tradicional de celebração. A ideia de que estar sozinho nas festas representa fracasso ou infelicidade acaba ampliando o sofrimento.

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Para a psicóloga María Fernanda Giralt Font, chefe do Departamento de Psicoterapia do Instituto de Neurologia Cognitiva (Ineco), da Argentina, o fim do ano reúne encerramentos de ciclos profissionais, acadêmicos e familiares, gerando a sensação de que tudo está acabando ao mesmo tempo. Com isso, as exigências aumentam e a capacidade de resposta muitas vezes não acompanha.

Sinais de alerta

O corpo e a mente costumam dar sinais claros quando o estresse se instala. Entre os sintomas físicos mais comuns estão dores no pescoço, costas e mandíbula, dor de cabeça, cansaço persistente, dificuldade para dormir, problemas digestivos, sensação de aceleração e palpitações.

No campo emocional, aparecem irritabilidade, mau humor, ansiedade elevada, tristeza, sensação de estar sobrecarregado e perda de interesse ou prazer. Já no aspecto cognitivo, surgem dificuldade de concentração, esquecimentos frequentes e pensamentos repetitivos sobre obrigações.

Mudanças de comportamento também são frequentes, como evitar compromissos ou assumir mais tarefas do que é possível, além de comer, comprar ou beber em excesso. Para Schujman, o corpo costuma expressar aquilo que não é dito, e alterações no sono e no humor são alguns dos primeiros alertas de que algo não vai bem.

Pressão social

A psicóloga Belén Tarallo, do Ineco, destaca que em dezembro a obrigação de estar feliz e participar de todas as confraternizações funciona como mais um fator de estresse. Muitas pessoas acabam demonstrando entusiasmo quando, na realidade, estão exaustas ou sem energia.

Essa incongruência emocional aumenta a sensação de saturação e favorece sintomas como tensão, fadiga, irritabilidade e problemas de sono. Forçar o cumprimento de compromissos sem considerar limites pessoais intensifica o desgaste, enquanto reconhecer as próprias necessidades e estabelecer limites ajuda a reduzir o impacto do estresse.

Giralt Font reforça que criar expectativas irreais sobre as festas pode gerar frustração, especialmente em contextos de luto, relações familiares difíceis ou momentos pessoais delicados.

10 estratégias para reduzir o estresse em dezembro

Diante desse cenário, os especialistas reuniram orientações práticas para atravessar o fim do ano com menos cobrança e mais bem-estar:

1) Priorizar o autocuidado e respeitar as próprias necessidades.

2) Aprender a dizer não e estabelecer limites claros para compromissos sociais.

3) Evitar a autoexigência de felicidade e aceitar as emoções do momento.

4) Planejar e organizar a agenda para reduzir a sensação de caos.

5) Incluir pausas e momentos de descanso ao longo do dia.

6) Manter hábitos saudáveis de sono, alimentação e atividade física.

7) Gastar com consciência e adequar as celebrações à realidade financeira.

8) Regular expectativas familiares e evitar temas polêmicos nas reuniões.

9) Buscar ajuda ou companhia quando o peso emocional estiver grande.

10) Praticar a flexibilidade e a comunicação assertiva diante dos compromissos.

Como cuidar do bem-estar

O autoconhecimento é apontado como uma ferramenta central para atravessar dezembro de forma mais saudável. Segundo Schujman, a terapia, a autoconfiança e o entendimento das próprias emoções ajudam a colocar limites sem culpa e a não se deixar levar apenas pelas expectativas dos outros.

Ainda segundo os especialistas, criar rotinas de calma, escolher com quem compartilhar o tempo e reservar momentos de introspecção também contribuem para uma regulação emocional mais equilibrada. Além disso, eles destacam que atividades que promovem segurança e relaxamento funcionam como aliadas importantes para reduzir o estresse e lembrar que o fim do ano não precisa ser perfeito.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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