Fim das aulas sem estresse: especialistas revelam como evitar o esgotamento infantil no fim do ano

Cansaço, ansiedade e excesso de atividades elevam a tensão no encerramento do ano escolar

Período de fim de ano costuma ser de forte desgaste emocional

O fim do ano escolar costuma ser um período de forte desgaste emocional para crianças e famílias. A combinação de provas, trabalhos finais e compromissos extracurriculares aumenta a tensão dentro de casa, especialmente após meses de rotina intensa.

Especialistas ouvidos por Infobae explicam que o estresse nessa etapa é consequência de um acúmulo de obrigações. Segundo o psiquiatra infantojuvenil Andrés Luccisano, do Hospital Italiano de Buenos Aires, muitos alunos enfrentam ‘um mar de tarefas’ que inclui matérias pendentes, projetos finais e atividades extras. Para ele, parte dessa pressão reflete mais as agendas dos adultos do que as necessidades reais das crianças.

A psiquiatra infantojuvenil Andrea Abadi, diretora do Departamento Infanto Juvenil da Fundação Ineco, alerta que o comportamento acelerado não é falta de vontade, mas sinal de esgotamento mental e emocional. Ela observa, também em entrevista ao Infobae, que muitos chegam ao final do ciclo “no limite”, influenciados inclusive pelo ritmo apressado dos próprios pais.

O papel dos adultos

Os especialistas defendem que os pais devem atuar como ponto de apoio e organização. Luccisano compara esse suporte às “rodinhas da bicicleta”, oferecendo estrutura e clareza para que os filhos consigam se organizar. Isso é essencial porque a área do cérebro responsável pelo planejamento só amadurece totalmente depois dos 20 anos.

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A validação emocional também é fundamental. Abadi explica que frases que minimizam o sofrimento, como “não é nada”, só aumentam a tensão. O ideal é reconhecer os sentimentos da criança e, ao mesmo tempo, manter limites que tragam segurança e favoreçam a autorregulação.

Estratégias para reduzir o estresse e organizar os estudos

Os especialistas sugerem medidas práticas para ajudar as crianças a atravessar as semanas finais de forma mais leve:

  • Criar um calendário visual com datas de provas e entregas para reduzir a incerteza
  • Dividir o estudo em blocos curtos, de até 30 minutos, intercalados com pausas sem telas
  • Começar pelas tarefas mais difíceis, aliviando o restante da rotina
  • Usar checklists visíveis para organizar mochila, materiais e pendências
  • Sequenciar tarefas complexas em passos simples e claros
  • Manter um local fixo de estudo, livre de distrações
  • Evitar grandes mudanças de rotina no fim do ano e simplificar horários
  • Oferecer contato físico e presença calma, como abraços e proximidade
  • Selecionar compromissos sociais e priorizar descanso
  • Utilizar temporizadores ou apps para regular foco e pausas

Apoio psicológico

Validar emoções ajuda a reduzir a ativação do sistema nervoso, permitindo que a criança se acalme. A combinação entre acolhimento e limites claros favorece o aprendizado da autorregulação sem reforçar comportamentos inadequados.

Descanso e tempo livre

Para os especialistas, o descanso não é prêmio, é necessidade biológica. Dormir mal afeta atenção e memória, o que torna ineficazes as maratonas de estudo. Ocio verdadeiro inclui tempo sem atividades estruturadas, brincadeiras, ar livre e momentos de tédio, fundamentais para criatividade e desenvolvimento.

Abadi recomenda revisar a agenda familiar e reduzir excessos: “Mais atividades não tornam as crianças melhores, apenas mais cansadas”. Luccisano reforça que o cérebro infantil se desenvolve a partir do jogo livre e do espaço para o ócio.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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