Saiba o que é falha muscular e por que ela pode ser importante no treino

Estudo indica que intensidade e esforço até o limite do músculo são mais importantes do que repetições

A chamada falha muscular é o momento em que o músculo atinge um nível de fadiga tão alto que não consegue completar mais uma repetição do exercício

Durante anos, frequentadores de academia discutiram qual seria o número ideal de repetições para obter melhores resultados no treino de força. A dúvida atravessou gerações de atletas, treinadores e praticantes de musculação, sempre com rotinas baseadas em números fixos. Agora, um novo estudo reacende o debate e aponta que o verdadeiro avanço pode estar menos na contagem e mais na intensidade do esforço.

A pesquisa, publicada no Journal of Science and Medicine in Sport, analisou o papel da chamada falha muscular, momento em que o músculo atinge um nível de fadiga tão alto que não consegue completar mais uma repetição do exercício. Segundo os especialistas, treinar próximo desse limite pode ser um fator decisivo para o ganho de força e massa muscular.

Esforço x quantidade

O estudo dividiu os participantes em dois grupos que treinaram membros inferiores durante seis semanas. Um grupo realizou dez repetições por série, enquanto o outro fez vinte. Ambos executaram os exercícios até a falha concêntrica, ou seja, continuaram até não conseguir completar a fase de subida do movimento.

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Ao final do período, os pesquisadores avaliaram tamanho muscular, força e capacidade oxidativa dos músculos. Os resultados mostraram ganhos semelhantes nos dois grupos, tanto em hipertrofia quanto em força e eficiência energética. Isso indica que o número de repetições, por si só, não foi determinante para o progresso.

Para Mark Smith, um dos responsáveis pelo estudo, o principal fator é o nível de esforço aplicado em cada série, especialmente quando o treino se aproxima da falha muscular.

Atenção ao limite do corpo

Apesar dos resultados positivos, Smith ressalta que a pesquisa foi feita com um grupo reduzido e que mais estudos são necessários para confirmar as conclusões. Ainda assim, o ponto em comum entre os participantes foi justamente o treino até a falha muscular.

Identificar esse limite nem sempre é simples, principalmente para quem treina sem acompanhamento profissional. O pesquisador explica que a falha técnica acontece pouco antes da perda da postura correta. Um sinal prático é a diminuição visível da velocidade do movimento nas últimas repetições. Em alguns exercícios, levar mais de três segundos para levantar a carga já indica que o músculo está próximo do limite.

Ultrapassar esse ponto, no entanto, pode aumentar o risco de lesões. Por isso, a recomendação é interromper a série antes que a técnica seja comprometida.

Treinos mais flexíveis

Outro destaque do estudo é a importância da flexibilidade no planejamento do treino. Em vez de números fixos, a orientação é trabalhar com faixas de repetições. Em dias de menor disposição, é possível reduzir a carga e aumentar as repetições. Já quando há mais energia, o praticante pode aumentar o peso e fazer menos repetições.

Segundo Smith, a contagem exata é menos importante do que se imaginava. Programas de treino devem funcionar de forma adaptável, respeitando a capacidades individual em cada dia.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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