Ouvindo...

Ciência explica o que acontece no cérebro durante experiências de quase morte

Estudo mostra que liberação de neurotransmisores pode causar visões, sensação de paz e até os famosos túneis de luz

Quando alguém passa por uma experiência de quase morte, o corpo entra em estado crítico e o cérebro reage de forma intensa. Em vez de simplesmente ‘desligar’, a mente libera uma série de substâncias químicas que podem explicar visões, emoções fortes e as sensações ‘inexplicáveis’ relatadas por quem sobrevive a esses episódios.

Segundo a revista Muy Interesante, pesquisadores da Universidade de Liège, na Bélgica, criaram um modelo chamado Neptune para entender melhor esses fenômenos. A proposta foi publicada na revista Nature Reviews Neurology e reúne décadas de estudos em neurociência, psicologia e farmacologia.

Leia também

Os cientistas descobriram que, quando o oxigênio diminui no cérebro, ocorre uma fase de hiperatividade intensa e breve. Nesse momento, há uma ‘tempestade’ de neurotransmissores, como serotonina, dopamina, glutamato e endorfinas, que provocam sensações variadas: desde calma e alívio da dor até visões comparáveis ao uso de substâncias psicodélicas.

Esse processo ajuda a entender por que muitas pessoas descrevem túneis de luz, encontros com familiares já falecidos ou uma profunda sensação de paz. Porém, nem todas as experiências são positivas: alguns relatos envolvem medo, angústia e imagens perturbadoras. De acordo com os pesquisadores, fatores pessoais e fisiológicos podem influenciar como cada indivíduo vive a situação.

O modelo Neptune sugere ainda que essa resposta cerebral pode ser uma estratégia evolutiva de sobrevivência. Em condições extremas, o cérebro ativaria um estado dissociativo para reduzir o sofrimento e manter algum nível de consciência.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.