Como a meditação faz bem para a mente, o sono e o cérebro

Prática diária de poucos minutos ajuda a reduzir estresse, ansiedade e melhora a qualidade de vida, segundo evidências científicas

Dedicar apenas alguns minutos por dia à meditação pode ajudar a recuperar a calma e a paz interior, especialmente em meio à rotina acelerada da vida atual. A conclusão é de especialistas e estudos científicos citados pelo site de notícias Infobae.

A Organização das Nações Unidas define a meditação como uma prática ancestral que consiste em concentrar a atenção no momento presente. Presente em tradições religiosas, yóguicas e seculares, ela ultrapassou seus significados espirituais e hoje é vista como uma ferramenta universal para o cuidado com a saúde mental.

Segundo o médico neurologista e neurocientista Claudio Waisburg, diretor do Instituto de Neurologia Soma, da Argentina, os efeitos mais consistentes da meditação aparecem no campo mental e emocional. Estudos científicos indicam redução do estresse percebido, melhora da ansiedade e diminuição de sintomas depressivos em intensidade leve a moderada. A prática também favorece a regulação emocional, a tolerância ao desconforto e a redução de pensamentos repetitivos.

Os benefícios físicos existem, mas são considerados complementares. A meditação pode ajudar a reduzir a pressão arterial em alguns grupos e contribuir no manejo da dor crônica, sempre como apoio e não como substituta de tratamentos médicos.

Pesquisas recentes mostram ainda que a meditação pode melhorar funções cognitivas, aumentar a matéria cinzenta do cérebro, reduzir o risco de doenças cardiovasculares e colaborar para um envelhecimento cerebral mais saudável.

O que é meditação

O termo engloba diferentes práticas. Algumas se baseiam na concentração na respiração, em sons, imagens ou mantras. Outras envolvem a atenção plena, conhecida como mindfulness, que propõe manter a consciência no presente sem julgar pensamentos ou sensações.

Leia também

Para a psicóloga Gisela Moya, instrutora de yoga, meditar não significa esvaziar a mente. A prática é entendida hoje como um treino mental. Segundo ela, cinco minutos diários já funcionam como uma pausa de qualidade, ajudando a desacelerar, recuperar clareza e melhorar a disposição para as tarefas do dia.

Já sessões de cerca de 30 minutos tendem a gerar mudanças mais profundas, como redução da reatividade emocional, maior foco e melhor equilíbrio neuroquímico. Com isso, a pessoa deixa de agir no chamado piloto automático e passa a ter mais controle sobre a própria atenção.

Exames de imagem cerebral, como eletroencefalograma e ressonância magnética funcional, mostram que a meditação provoca alterações positivas no cérebro, segundo a Cleveland Clinic.

Impacto no cérebro e no sono

Estudos indicam que a prática fortalece áreas do cérebro ligadas à atenção, ao controle dos impulsos e à regulação emocional. Também reduz a ativação de regiões associadas ao estresse e ao estado de alerta constante.

Pesquisas publicadas em revistas científicas mostram mudanças na atividade da amígdala e do hipocampo, áreas importantes para a memória e as emoções. Há ainda evidências de neuroplasticidade após programas de mindfulness de oito semanas.

No sono, a meditação se destaca como aliada importante. Segundo especialistas, ela ajuda a reduzir a hiperativação mental, principal combustível da insônia moderna. Ao favorecer o estado de relaxamento do sistema nervoso, facilita tanto o adormecer quanto a manutenção do sono ao longo da noite.

Ensaios clínicos apontam melhora na qualidade do sono e redução da insônia, especialmente quando a prática é associada a hábitos saudáveis, como evitar telas antes de dormir e manter horários regulares.

Benefícios comprovados

A ciência tem acumulado evidências de que a meditação contribui para o controle do estresse e da ansiedade, podendo ser tão eficaz quanto terapias tradicionais em alguns casos. Também há resultados positivos no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático, no apoio à recuperação de dependências e na melhora do bem-estar geral.

No corpo, a prática ajuda a aliviar tensões musculares, dores crônicas e a melhorar a percepção corporal. Técnicas como o escaneamento corporal ensinam o cérebro a entrar em estado de descanso profundo, essencial para a memória e o aprendizado.

Como começar a meditar

Especialistas reforçam que a constância é mais importante do que a duração. A recomendação é começar com cinco minutos por dia, em um local confortável, sentado ou deitado, focando apenas na respiração.

A mente vai se distrair, e isso faz parte do processo. O exercício consiste em perceber a distração e voltar com gentileza ao foco escolhido. Outra opção é repetir mentalmente uma palavra ou som simples por alguns minutos.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

Ouvindo...