Uma aposentada sobre o sistema de pensões do Japão: 'É difícil viver apenas com essa renda’

A aposentada mantém um trabalho em tempo parcial

Aposentada (Foto ilustrativa)

O envelhecimento da população e a viabilidade dos sistemas de pensões tornaram-se temas centrais do debate social em países como o Japão. O youtuber Hashimoto Megumi percorreu as ruas do país para ouvir diferentes cidadãos sobre como avaliam a atual situação econômica.

A pesquisa expõe as crescentes dificuldades vividas por aqueles que dependem quase exclusivamente da aposentadoria após uma vida inteira de trabalho. Kumiko Nakayama, japonesa de 74 anos, deu o seu testemunho no canal do YouTube Kainihon, numa conversa sobre o contexto do país.

Leia também

Depois de passar grande parte da sua vida profissional trabalhando em um restaurante familiar administrado em conjunto com o marido, hoje ela integra o grupo dos aposentados. “Passei a vida inteira trabalhando no restaurante que eu e o meu marido geríamos, mas encerrámos há cerca de cinco anos”, conta.

Apesar de receber a aposentadoria, Kumiko optou por continuar a trabalhar em tempo parcial e utiliza a sua vivência para chamar a atenção para os problemas econômicos enfrentados por muitos aposentados no Japão que dependem apenas desse rendimento.

De acordo com ela, seus rendimentos mensais vêm de diferentes fontes. “Tenho um trabalho em tempo parcial que me rende cerca de 320 dólares por mês e também recebo dinheiro de outras fontes, como a aposentadoria”, afirma.

No seu caso, a pensão pública corresponde à média, cerca de 5.500 dólares por ano — um valor que, segundo ela, não é suficiente para cobrir as despesas básicas quando se vive desse montante. Com base nesses números, a sua conclusão é clara: “Se esse for o único rendimento, é bastante difícil viver apenas com a aposentadoria”. Um relato que reflete a realidade de muitos aposentados japoneses, que se veem obrigados a complementar a renda mesmo em idades avançadas.

A aposentada também partilha a sua opinião sobre a estagnação econômica do Japão nas últimas décadas. “O dinheiro não é utilizado para cuidar dos cidadãos, mas sim gasto em armas para a defesa do país”, afirma, criticando ainda políticas que favorecem grandes corporações.

Na sua análise, Kumiko Nakayama considera que as desigualdades aumentaram com o passar do tempo. “Há 40 anos existiam pobres, mas diria que hoje o sistema social é cada vez mais severo”, assegura. Na sua visão, o custo de vida aumentou e a proteção social deteriorou-se de forma significativa.

Pablo Paixão é estudante de jornalismo na UFMG e estagiário de jornalismo da Itatiaia

Ouvindo...