Crianças pequenas costumam ser extremamente curiosas, questionando tudo à sua volta: por que dar descarga é necessário? Qual a história por trás da tatuagem de um desconhecido? O que é o amor?
Essas perguntas não têm limite, mas, com o passar dos anos, essa curiosidade tende a diminuir. E, de acordo com novas pesquisas, isso pode não ser um bom sinal para o cérebro.
Um estudo recente aponta que pessoas mais velhas que mantêm o desejo de aprender e se mostram curiosas podem retardar o desenvolvimento do
Então, qual é a relação entre curiosidade e saúde cerebral? A revista Women’s Health conversou com especialistas para entender mais. Os neurologistas Clifford Segil, DO, do Providence Saint John’s Health Center, na Califórnia, e Amit Sachdev, MD, MS, diretor médico do Departamento de Neurologia da Michigan State University, comentaram sobre o levantamento.
O que revelou o novo estudo?
A pesquisa, publicada na revista PLOS One, envolveu mais de 1.200 participantes entre 20 e 84 anos. Eles responderam a um questionário online para medir seu nível de curiosidade.
Depois, foram convidados a tentar responder perguntas complexas de conhecimento geral — como: “Qual foi o primeiro país a conceder direito ao voto às mulheres?” (Nova Zelândia). Em seguida, avaliaram o quanto queriam saber a resposta correta antes de vê-la.
Os dados mostraram que pessoas com alta “curiosidade situacional” (o interesse momentâneo por uma informação) também demonstram alta “curiosidade como traço” (um interesse mais permanente). Ainda assim, os pesquisadores notaram que a curiosidade tende a cair no início da vida adulta, aumentar significativamente após a meia-idade e continuar crescendo na velhice.
Eles afirmam que essa busca constante por novos aprendizados pode atuar como fator protetor contra o Alzheimer. Embora o estudo não tenha avaliado diretamente os impactos da curiosidade na prevenção da doença, a hipótese foi sustentada com base em pesquisas anteriores. Já entre aqueles que demonstram pouco interesse em aprender, os riscos de desenvolver demência parecem ser maiores.
Outros estudos já sugeriram que adultos mais curiosos tendem a ter melhor memória de longo prazo do que aqueles com menor disposição para aprender.
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Por que a curiosidade faz bem ao cérebro?
Algumas razões explicam essa ligação. Segundo o Dr. Amit Sachdev, “novos interesses constroem redes cerebrais mais sólidas. Essa rede é o que forma um cérebro mais resiliente”.
Já o Dr. Clifford Segil acrescenta que a repetição de atividades pode envelhecer o cérebro. “Com o tempo, evitar essa repetição se torna essencial”, afirmou. “Ler um livro novo, por exemplo, é mais benéfico para o seu cérebro do que reler um que você já conhece”, pontuou.
Para ele, a busca por novas experiências ajuda a criar “novas conexões cerebrais em vez de apenas reforçar as antigas”.
Como aplicar isso no dia a dia?
A recomendação do Dr. Segil é estimular os cinco sentidos sempre que possível ao experimentar algo novo. Isso pode incluir provar comidas diferentes, observar novas formas de arte ou assistir a apresentações musicais distintas do habitual.
Quais são outras formas de melhorar a saúde do cérebro e prevenir a demência?
Diversas pesquisas na área neurológica apontam caminhos parecidos para manter a saúde do cérebro em dia:
- Evite o tabagismo
- Pratique atividade física moderada ou intensa por ao menos 150 minutos semanais
- Reduza o consumo de álcool
- Faça atividades cognitivas com frequência (ler, jogar, visitar exposições)
- Adote uma dieta balanceada