Um estudo feito pelo Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria (IECS) da Argentina apontou que uma redução de 30% no consumo de cigarro em 10 anos poderia evitar mais de 139 mil mortes.
A diminuição no consumo de cigarro também poderia evitar 96 mil infartos e eventos cardíacos, 79 mil AVCs, 66 mil novos cânceres e 222 mil casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Seriam mais de 5 milhões de anos de vida preservados.
Em contrapartida, o Ministério da Saúde divulgou que o número de adultos fumantes aumentou de 2023 para 2024, algo que não acontecia desde 2007. Segundo a pneumologista Michele Andreata, o aumento ocorreu por vários fatores em conjunto.
“Um deles é a popularização de novos dispositivos, como
“Outro ponto é o contexto pós-pandemia, com aumento de ansiedade, depressão, estresse econômico e insegurança, o que leva muitas pessoas a recorrerem ao cigarro como forma de aliviar tensão. Soma-se a isso o bombardeio de conteúdos em redes sociais que normalizam ou glamorizam o ato de fumar e a desinformação sobre riscos reais”, acrescentou.
O cigarro está associado a diversas doenças graves como câncer de pulmão, laringe, boca, esôfago, bexiga, enfisema pulmonar, bronquite crônica, infarto, AVC, disfunção erétil e problemas de circulação, podendo levar até à amputação de membros.
O tabagismo também prejudica a qualidade de vida, causando falta de ar, cansaço, tosse, piora no sono e queda de rendimento no trabalho e em atividades diárias. Ele também aumenta o risco de risco de infecções respiratórias, como pneumonia, e agrava quadros de quem já tem asma, DPOC ou insuficiência cardíaca.
“Importante lembrar que o fumante passivo — quem convive com a fumaça — também sofre esses impactos, inclusive crianças e idosos, o que torna o tabagismo um problema não apenas individual, mas de saúde pública”, acrescentou a médica.
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Como diminuir o consumo de cigarro?
Segundo Andreata, para reduzir o consumo de cigarro, é necessária uma combinação de políticas públicas consistentes e ações de educação em saúde.
“Medidas como aumento de impostos e preços, proibição de propaganda, restrição ao fumo em ambientes fechados e fiscalização efetiva já se mostraram muito eficientes nas últimas décadas. Mas é fundamental que isso seja continuamente atualizado, inclusive com regulação mais rígida para novos produtos, como cigarros eletrônicos, que muitas vezes são vendidos como ‘inofensivos’”, disse.
“Paralelamente, precisamos investir em campanhas permanentes de conscientização, oferecer tratamento gratuito e estruturado pelo SUS (com acompanhamento médico, psicológico e medicações adequadas) e fortalecer ações nas escolas, para evitar que os jovens comecem a fumar. Quanto mais difícil for o acesso ao cigarro e mais claro for o conhecimento sobre seus riscos, maior a chance de redução do consumo”, completou.
Como parar de fumar?
Muitos encontram dificuldades em parar com o cigarro, por uma série de motivos. Para a especialista, parar com esse vício é um processo, por muitas vezes, longo.
“O primeiro passo é reconhecer que o cigarro é uma dependência - tanto química quanto comportamental - e que parar de fumar não é apenas ‘força de vontade’. A partir daí, é importante marcar uma consulta com um profissional de saúde, como o pneumologista, que poderá avaliar o grau de dependência, os riscos já presentes e traçar um plano de cessação individualizado”, afirmou.
“Definir uma ‘data para parar’, identificar gatilhos (como café, bebida alcoólica, estresse, dirigir) e planejar o que fazer nesses momentos ajuda muito. Em muitos casos, usamos medicações, como reposição de nicotina (adesivo, goma) ou remédios específicos, que aumentam bastante as chances de sucesso. Participar de grupos de apoio, envolver a família e comunicar às pessoas próximas essa decisão também é um passo importante, porque cria uma rede de suporte”, acrescentou.
“E, se houver recaída, isso não significa fracasso, e sim que o processo precisa ser ajustado, nunca abandonado”, finalizou.