O Vaticano atualizou o estado de saúde do Papa Francisco, de 88 anos, internado desde fevereiro, relatando que a melhora observada nos últimos dias se consolidou e o “prognóstico reservado” do pontífice foi retirado. Afinal, o que isso significa? Quais são as perfectivas para o pontífice receber alta? E quais são as possíveis consequências?
Daniel Bretas, pneumologista cooperado da Unimed-BH e Presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica, explica que o termo “prognóstico reservado” é utilizado na medicina, principalmente, em pacientes graves com alta probabilidade de mortalidade. “A partir do momento que a gente retira essa classificação de ‘prognóstico reservado’, a gente entende claramente um sinal de melhora”, disse.
Evolução do quadro do Papa
Conforme as notas emitidas diariamente pelo Vaticano, o Papa está internado desde o dia 14 de fevereiro deste ano com bronquite. O quadro evoluiu para infecção polimicrobiana e, em seguida, pneumonia nos dois pulmões. O especialista explica que problemas anteriores podem ter causado a gravidade do quadro:
“Temos que entender o quadro do Papa Francisco, principalmente, em relação à extensão da internação, a recuperação arrastada e a idade de 88 anos. Segundo relato da mídia, ele retirou parte do pulmão por uma sequela de uma infecção na juventude. E, provavelmente, além da recepção de uma parte do pulmão, deve ter ficado com alguma sequela pulmonar. Isso é muito comum nos quadros pós-infecciosos que chamamos bronquectasias”, disse o especialista Daniel Bretas.
Sendo assim, a idade e a fragilidade pulmonar acabaram abrindo espaço para outras infecções pulmonares. “No caso dele, isso acabou levando a uma pneumonia grave chamada de pneumonia bilateral, comprometendo ambos os pulmões. E, em análise de secreção retirada do pulmão, foi identificado mais de um microrganismo, o que chamamos de infecção polimicrobiana. Isso agrega a gravidade e dificulta o tratamento”, explicou Bretas.
Melhora gradativa indica alta?
Com o decorrer do tratamento, houve uma melhora gradativa nos últimos dias. “Acompanhamos pela mídia uma melhora, não só clínica, mas também melhora laboratorial, mas, também, uma melhora dos exames. Isso foi o que culminou na retirada do termo do ‘prognóstico reservado’”, Daniel Bretas.
Os critérios que indicam uma possível alta hospitalar incluem o paciente estar confortável, exames bem controlados, ausência de sinais de infecção ativa, boa alimentação.
“Isso tudo vai encaminhando para a realização de uma alta. Fato é que, nos últimos dias, ele está passando pelo melhor momento dos últimos tempos. Então, é possível vislumbrar uma alta próxima”, disse. Conforme Daniel, é provável que ele deva receber alta ainda usando oxigênio. “Pode ser que ele tenha que usar o oxigênio definitivamente. Agora, só o futuro que vai nos dizer”, finalizou o especialista.
Nesta terça-feira (11), o Vaticano informou que o Pontífice teve uma noite tranquila, fez as terapias prescritas e orou.
Boletim na íntegra dessa segunda-feira (10)
“As melhoras registradas nos dias anteriores se consolidaram ainda mais, como confirmam os exames de sangue, a objetividade clínica e a boa resposta à terapia medicamentosa. Por esses motivos, os médicos decidiram, no dia de hoje, retirar o prognóstico reservado (quando não há como prever uma melhora)”, diz o comunicado.
O estado de saúde do papa continua, no entanto, sendo considerado como estável e complexo. Por isso, os médicos afirmam que o pontífice deve seguir o tratamento farmacológico contra a infecção no hospital por mais alguns dias.”
Histórico de saúde do papa
O chefe da Igreja Católica, que assumiu o cargo em 2013, sofreu vários problemas de saúde nos últimos anos. As doenças o forçaram a adiar excursões ou descansar por alguns dias devido a dores no joelho e no quadril, e até mesmo a passar por uma cirurgia abdominal.
Em 2023, Francisco, que teve parte de um dos pulmões removido quando era jovem, ficou hospitalizado por três noites com bronquite e se recuperou com antibióticos. Quando ele era jovem, parte de um dos seus pulmões foi removido.
Em dezembro do mesmo ano, também devido a uma bronquite, o pontífice desistiu de participar na COP28 de Dubai, a grande reunião de cúpula anual do clima, organizada pelas Nações Unidas.
No dia 14 de fevereiro deste ano, o papa foi hospitalizado por quadro de bronquite. Depois teve novo diagnóstico de infecção polimicrobiana e em seguida pneumonia nos dois pulmões.