De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 80% dos casos de câncer de pulmão são relacionados ao cigarro. Existe uma tendência também de aumento entre não tabagistas para os outros fatores, mas ainda é o cigarro o maior responsável.
“O Brasil é um exemplo na Organização Mundial de Saúde no combate ao tabagismo, mas ainda assim a gente tem um número expressivo. Cerca de 9% da nossa população é tabagista e cada vez mais a gente vê no mercado a entrada de novos produtos associados com tabaco. Outras doenças relacionadas ao cigarro também merecem atenção, a doença arterial, seja ela periférica, coronariana ou sistema nervoso central. Pacientes podem perder os membros por conta do cigarro, podem surgir ferida, necrose, infarto, que claro, isso vai levar a óbito em uma grande parcela de pacientes. Acidade Vascular Cerebral (AVC), que por muitas vezes, se não leva a óbito, vai culminar em sequelas permanentes para esses pacientes. Fora as doenças também respiratórias, como a fibrose pulmonar, que é induzida pelo cigarro, que leva a falta de ar. E outros tipos de cânceres, como da boca, garganta, da bexiga também”, alerta Flávia Amaral, oncologista do Hospital das Clínicas da UFMG e da Oncoclínicas.
Com o objetivo de reduzir os impactos do tabagismo e apoiar as pessoas dispostas a abandonar o vício, Belo Horizonte tem o Programa Municipal de Controle do Tabagismo. Na capital mineira, nos primeiros quatro meses deste ano, foram realizados 844 atendimentos e 518 ações de educação em saúde, segundo a gerente de promoção à saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, Juliana Reis.
“O Programa de Controle do Tabagismo tem três frentes principais. Uma atua na prevenção do uso do tabaco, então a gente atua tanto em eventos na cidade como em todo o que atinge todos os munícipes, quanto em escolas, cursos técnicos e outros espaços que a gente tem para falar sobre a prevenção ao uso. Os ambientes 100% livres de tabaco, que a gente tem uma parceria com a Vigilância Sanitária para a gente estar sempre atento aos locais onde é proibido a utilização dos cigarros e entre eles temos que atentar que também o cigarro eletrônico é proibido de ser utilizado nesses espaços fechados. E o tratamento, mais especificamente, que é desde a abordagem ao usuário para motivá-lo, geralmente nos serviços de saúde, especialmente na atenção primária, nos centros de saúde de Belo Horizonte. Então, tanto para motivar esse usuário de tabaco a parar de fumar, quanto para orientá-lo em estratégias que ajudam na cessação do tabaco, estratégias comportamentais, até a utilização de alguns medicamentos. Isso vai depender da avaliação do profissional de saúde. Esse tratamento é realizado apenas nos centros de saúde e a pessoa que é fumante, que tem o desejo de parar de fumar, deve procurar a sua equipe, falar desse desejo, que a equipe vai orientá-lo da melhor forma. Esse tratamento pode ser tanto no formato individual quanto no formato coletivo”, explica.
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De acordo com a gerente de promoção da saúde, uma pesquisa feita pela prefeitura, aponta que houve redução do número de fumantes, em Belo Horizonte. “A gente sabe que na década de 1980, a gente tinha cerca de 40% da nossa população tabagista, ou seja, de cada cem pessoas, quarenta fumavam. Hoje nós temos em torno dez fumantes a cada cem habitantes, 9% da população, mais ou menos, é tabagista. Então isso se deve a esse esforço coletivo, ao apoio de toda a comunidade, os familiares, amigos, também todos estão envolvidos, estão realmente de todos os nossos munícipes”, destaca.
O cigarro eletrônico é um dos grandes desafios na luta contra o tabagismo. “Temos que ficar muito atentos para que essa juventude que está experimentando o cigarro eletrônico não seja futuros fumantes. A gente sabe que o cigarro eletrônico é uma porta de entrada para outras formas de tabaco, como o cigarro de palha, que é muitíssimo prejudicial à saúde, e até mesmo o cigarro branco, convencional”, conclui a gerente de promoção à saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, Juliana Reis.