A campanha Agosto Laranja que acontece no Brasil desde 2014, tem como objetivo conscientizar a população sobre a doença e, divulgar de informações que ajudem no diagnóstico precoce e tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida do paciente e de pessoas próximas. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), no Brasil são 40 mil pessoas com diagnóstico confirmado de esclerose múltipla, a maioria mulheres com idades entre 18 e 30 anos. No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que exista cerca de quase três milhões de pessoas com a doença.
Trata-se de uma doença degenerativa crônica e autoimune que ataca o sistema nervoso central. Para a neurologista Jéssica Rodrigues, um dos grandes desafios da doença é o fechamento do diagnóstico. “Ela acomete muito adulto jovem, mas preferencialmente mulheres e mulheres na idade fértil. Os principais sintomas da doença vão depender muito de qual região do nosso cérebro ou da medula espinhal está sendo acometida. Se atingir os nervos ópticos, o paciente pode ter alteração da qualidade da visão, pode ter visão dupla, pode ter uma cegueira completa. Se acometer o cerebelo, o paciente pode ter sintomas de tontura, desequilíbrio. Se afetar a medula espinhal, pode ter sintomas de fraqueza, alteração da sensibilidade, alteração dos esfíncteres, tanto urinário quanto fecal. O diagnóstico é um diagnóstico clínico associado a imagens de ressonância magnética”, explica.
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A médica destaca que há um desconhecimento sobre a doença até mesmo entre os médicos, o que dificulta o diagnóstico. “Por isso, é muito importante apurar o histórico do paciente, como iniciaram os sintomas, se esses sinais começaram de maneira sutil e foram progredindo. Além dessa história do paciente, é necessária a realização de um exame físico detalhado, complementando com a ressonância nuclear magnética”, detalha.
De acordo com a neurologista, o avanço da medicina, de forma geral, fez o tratamento evoluir muito, inclusive no combate à esclerose múltipla. “A gente tem as medicações que a gente chama de plataformas, medicações mais antigas, que são os injetáveis subcutâneos, intramusculares. Temos também medicações mais novas, por infusão endovenosa, subcutânea, e via oral, que proporciona ao paciente a facilidade de fazer um tratamento de forma adequada, sem precisar ir até um centro de infusão. Esses medicamentos atuam de forma a imunossuprimir o indivíduo, de tal maneira que ele não vai criar autoanticorpos que agridam células do seu próprio organismo, que é a fisiopatologia básica dessa doença que é uma doença autoimune”, conclui Jéssica Rodrigues.