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Câncer de ovário: oncologista explica por que diagnóstico precoce é tão difícil

Câncer nessa região é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o mais letal

Câncer de ovário é mais comum em mulheres a partir dos 60 anos

Mais de 7,3 mil novos casos de câncer de ovário são registrados a cada ano no Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer para o triênio 2023-2026. Conforme médicos e pesquisadores, o câncer nessa região é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado precocemente e o mais letal. Mas por que isso acontece? A oncologista Aline Chaves Andrade, do grupo Oncoclínicas, explica que um dos motivos é a localização do ovário.

“Infelizmente, isso acontece, porque o ovário está dentro da cavidade abdominal, e o câncer acha espaço para crescer e consegue pegar todo o abdômen, crescer para o peritônio e espalhar. E ele pode fazer isso em muito pouco tempo. Então, às vezes, a mulher tem o exame do ovário que estava normal até seis meses e, de repente, em menos de um ano, descobre que (o câncer) já cresceu”, diz a médica.

O câncer de ovário pode acometer a mulher em qualquer idade, mas é mais frequente depois dos 50 anos. “Como ele acontece, na maioria das vezes, em mulheres mais velhas, na pós-menopausa, elas não vão sentir alteração, por exemplo, na menstruação. Então, ele consegue ter esse espaço para crescer e espalhar rápido”, destaca a médica, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Outra dificuldade, segundo a oncologista, é falta de exames de rastreio, como colonoscopia e mamografia. “O exame que a gente faz para ver se tem câncer de ovário é o ultrassom endovaginal ou uma tomografia de abdômen. Mas não é como uma mamografia. Isso porque, às vezes, você faz um exame hoje e daqui a seis meses acha o câncer. Ainda estamos correndo atrás de qual exame fazer para todo mundo, como a mamografia, como PSA. Para câncer de ovário isso não existe”, reforça. A médica diz que a taxa de letalidade do câncer de ovário está relacionada justamente com a dificuldade de identificar a doença precocemente.

Aline explica que o mais comum é o câncer começar no ovário e depois espalhar para outras partes do corpo. Porém, segundo ela, é possível apesar de menos comum, começar em outras partes e se espalhar para o ovário. “O câncer de ovário pode ser local de metástase de um câncer de estômago ou de um câncer de intestino grosso, mas, na maioria das vezes, ele nasceu no ovário”, aponta.

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Angelina Jolie

A oncologista chama a atenção para pessoas que têm a síndrome genética Mama-Ovário, conhecida popularmente como ‘Síndrome da Angelina Jolie’. O nome se deve ao fato de a atriz ter passado por uma dupla mastectomia (retirada dos seios) preventiva, em 2013, depois de descobrir que tinha 87% de chance de desenvolver câncer de mama e 50% de ter câncer no ovário. “Se a pessoa tiver essa predisposição, do BRCA, ela pode ter, junto com o câncer de ovário, o câncer de mama”, diz a médica.

A oncologista diz que mulheres a partir dos 60 anos devem redobrar a atenção. “Raramente você vai ter câncer de ovário clássico e agressivo nas mulheres que ainda menstruam, que estão na pré-menopausa. Ele começa a ficar mais prevalente acima dos 60 anos. Então, a mulher que já está acima dos 60 anos tem que ficar de olho nos sintomas e nas características do abdômen. Se tiver alguma alteração, tem de procurar o médico para avaliação”, diz.

Veja alguns sinais de alerta

  • Mudança no formato da barriga, com acúmulo de líquido;
  • Inchaço nas pernas;
  • Comer pouco e ficar satisfeita;
  • Aumento do volume abdominal;
  • Mudança no funcionamento do intestino;
  • Fraqueza e perda de apetite;
  • Perda de peso.

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.