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Brasil é cotado para participar de testes clínicos de ‘vacina’ contra o Alzheimer

A fabricante AC Immune planeja iniciar a fase global de testes a partir de 2026; resultados preliminares trazem esperança para quem sofre com a doença

Principal faixa etária afetada pela doença é de pacientes acima dos 70 anos

O Brasil é um dos países cotados para participar dos testes clínicos de um novo tratamento desenvolvido para retardar a progressão do Alzheimer. Os testes com o imunizante ACI-24.060 (anti beta-amiloide) começaram em 2022, e com o ACI-35.030 (anti proteína Tau), em 2023, mas devem abranger mais localidades nos próximos anos.

Segundo Andrea Pfeifer, co-fundadora e presidente da AC Immune, empresa suíça responsável pelo desenvolvimento dos imunizantes, o Brasil pode participar da terceira fase do ensaio clínico com o ACI-24.060.

"É a fase quando a pesquisa se torna, definitivamente, um ensaio clínico global e deve acontecer em 2026, ou até mesmo antes disso, dependendo dos resultados deste ano. Por ser um ensaio mundial, serão centenas de países. Tenho certeza que o Brasil será considerado”, confirmou à Folha de São Paulo.

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Apesar de ainda estarem sob análise, os medicamentos já apresentam resultados animadores e são uma esperança para quem sofre com a doença. Mesmo sendo chamados de imunizantes, as substâncias não funcionam como vacinas, ou seja, não previnem o Alzheimer. Na verdade, elas são medicamentos criados para evitar o avanço rápido da doença.

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Os imunizantes são aplicados como uma injeção intramuscular. Segundo Pfeifer, eles são fáceis e administrar, econômicos e sem efeitos colaterais significativos. Os resultados preliminares mostram que o imunizante ACI-24.060 produziu anticorpos contra a a proteína beta-amiloide, que se acumula no cérebro de pacientes com Alzheimer e é o que causa a doença.

“Se conseguirmos interromper ou tratar essa proteína, que representa o estágio inicial do Alzheimer, conseguiremos interromper muitos outros efeitos que agravam a doença”, afirma a diretora. Apesar dos resultados dos primeiros seis meses de testes serem animadores, o desempenho dos imunizantes só poderá ser analisado com mais precisão após um um ano de acompanhamento.

O que é o Alzheimer?

O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração da função cognitiva e da memória. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.

No mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números poderão chegar a 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população.

A doença de Alzheimer costuma evoluir entre os estágios:

  • Estágio 1 é a forma inicial da doença. Nesta fase a pessoa pode sofrer alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais.
  • Estágio 2 é considerado a forma moderada da doença. Normalmente, a pessoa apresenta dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Além disso, pode começar a sofrer com agitação e insônia.
  • Estágio 3 já tem presente a forma grave. O paciente já começa a ter resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e deficiência motora com tendência à piora.
  • Estágio 4 é a fase terminal do Alzheimer. Além de todos os sintomas do estágio 1,2,3 e 4, o paciente fica acamado, raramente fala, sente dor à deglutição e pode sofrer com infecções.

Segundo a médica geriatra Simone Lima, a principal faixa etária afetada pela doença é de pacientes acima dos 70 anos. “Existem quadros precoces que iniciam antes dos 60 anos, mas a maioria dos quadros, falando de Alzheimer, em idosos com idade acima dos 70 anos. Outras demências devem ser levadas em consideração, não só o Alzheimer, mas ela é a principal, 60% dos casos”, afirma.

Quais os principais sintomas?

A geriatra detalha alguns sinais do Alzheimer que devem ser levados em consideração pela família do paciente.

“Fala repetitiva pode ligar um sinal de alerta, pode acontecer no processo de envelhecimento, mas quando ela está ficando muito marcada, com muita repetição, isso acaba interferindo nas condutas, no dia a dia do paciente. Perder a funcionalidade é outro sintoma. Por exemplo, a pessoa sempre fez uma receita, sozinha, cozinhava super bem. Começou a errar a mão na receita, tem que pegar a receita para acompanhar, não está dando conta mais de fazer a receita, perdeu essa funcionalidade. A perda de funcionalidade é um marco muito importante pra gente associar a uma doença mais significativa”, detalha a médica Simone Lima.

O tratamento para a doença de Alzheimer é medicamentoso. O paciente vai fazer o uso de remédios que vão minimizar os impactos da doença.

*Com informações de Jacqueline Moura


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.