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Pesquisadores da USP identificam molécula capaz de agir contra câncer de pulmão agressivo

Uma das responsáveis pelo estudo, a professora Vera Luiza Capelozz, detalha a pesquisa e analisa a importância do marcador

Mesotelioma pleural maligno é tipo agressivo de câncer pulmonar

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMSUP) analisaram o potencial terapêutico de um biomarcador chamado mesotelina e fizeram uma descoberta. De acordo com o grupo, a molécula tem a capacidade de atrair para perto do tumor células desejáveis para combate do mesotelioma pleural maligno.

Uma das responsáveis pelo estudo, a professora e pesquisadora Vera Luiza Capelozzi, do Departamento de Patologia, detalha a pesquisa e analisa a importância do marcador. Segundo ela, a pesquisa lida com um tumor altamente agressivo, cujos pacientes atingidos vivem de seis a 13 meses após o diagnóstico.

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A mesotelina

Conforme a docente, a mesotelina é produzida pela célula mesotelial. Essa molécula consegue atrair para perto do tumor células linfoides T e linfócitos, que são muito desejáveis para o combate aos cânceres. Essa proteína era majoritariamente estudada em animais, mas pouco analisada em pacientes humanos, o que motivou os pesquisadores.

“Nós tivemos como objetivo analisar o efeito dessa proteína no paciente humano e avaliar a reformatação do chamado microambiente em que a célula tumoral cresce e progride (…) Essa proteína acaba emergindo como uma promissora prática terapêutica, que pode coibir o crescimento e invasão dos tecidos no caso do mesmo tumor maligno”, explica.

Próximos passos

“Os próximos passos são os ensaios clínicos e eles já vêm sendo realizados, mas o problema é que os pacientes morrem muito rápido. Então, dificilmente conseguimos realizar o acompanhamento até o estágio 3, eles não ultrapassam o estágio 1 e 2”, afirma Vera.

“Portanto, precisa-se de um pouco mais de tempo para recrutamento e agregação de mais pacientes para que consigamos de fato comparar esse tratamento com outros e mostrar sua eficácia”, finaliza.

Tratamento atual

A professora explica que a pleura é uma membrana que reveste os pulmões e contribui para a expansibilidade e elasticidade dos órgãos. Quando os trabalhadores são expostos a materiais como o amianto, que contém fibras de asbesto, podem surgir reações inflamatórias. Após cerca de 20 anos, pode ser desenvolvido o mesotelioma maligno.

Ela conta que ainda não existe um tratamento efetivo direcionado, mas, em geral, os pacientes recebem o diagnóstico de necessidade de acompanhamento médico com quimioterapia. “Em geral, a resposta à quimioterapia e radioterapia funciona por algum tempo, mas a resposta acaba não ultrapassando os 18 meses. Além disso, o tumor pode acabar comprometendo outras regiões do tórax”, conta.

* Com informações do Jornal da USP


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Pablo Paixão é estudante de jornalismo na UFMG e estagiário de jornalismo da Itatiaia