A pandemia de covid-19 agravou o cenário de tratamento para transtornos mentais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a quase 12 milhões de brasileiros. O Brasil aparece atrás apenas dos Estados Unidos, onde, segundo a OMS, 5,9% da população sofre de transtornos de depressão, uma das principais doenças mentais que assolam o mundo.
De acordo com a psicanalista e psicopedagoga Ângela Matilde Soares, especialista em neurociência, os casos mais comuns de transtornos mentais são de ansiedade, depressão, fadiga, estresse e a síndrome de Burnout. Para ela, já houve avanço na sociedade na maneira de lidar com essas doenças.
“Hoje em dia, essa questão da saúde mental tem sido muito bem trabalhada. Então, hoje não tem aquele preconceito: ah, você tem transtornos mentais, tem dificuldade. Não, hoje está muito bem trabalhado e você vai fazer o tratamento para ficar melhor. Porque não existe a questão da cura, existe a questão do prazer, da satisfação, do autoconhecimento, das suas competências, habilidades e elas serem bem usadas”, detalha a profissional.
Segundo a especialista, a exposição excessiva a estímulos sensoriais pode também agravar o quadro e levar à necessidade de procurar atendimento médico. “Não só pela exposição de ambientes digitais, mas de toda a situação. Do ambiente sonoro, que é muito difícil, a questão visual, então a visual auditiva, são questões sensoriais que têm aumentado demais, tirando o sono”, afirma Ângela.
“Então, quando você não dorme, a tendência é você ficar adoecido, porque o sono é a faxineira do cérebro, é a recomposição. Se você não dorme direito, com certeza a sua produção não vai ser a mesma, inclusive na sua questão mental e emocional”, alerta.
É importante destacar que a maior parte da população brasileira depende do Sistema Único de Saúde (SUS). No SUS, a Atenção Primária é a principal porta de entrada para o tratamento no sistema de saúde pública. Ela envolve promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e redução de danos.
A prioridade do atendimento é para pessoas com depressão e ansiedade leve ou moderada. Até junho de 2023, foram realizados, no Brasil, quase 11 milhões de atendimentos na Atenção Primária de pessoas que apresentavam demandas relacionadas às doenças mentais.
