Ouvindo...

Zema defende sanções de Trump contra Moraes, mas critica tarifaço contra o Brasil

Governador afirmou ser a favor de punições ao ministro do STF, mas criticou presidente Lula e deputado Eduardo Bolsonaro por aumento de taxas para produtos brasileiros

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

O governador Romeu Zema (Novo) defendeu as sanções aplicadas pelo governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou ser favorável a medidas ‘contra todo o sistema ditatorial’.

Em entrevista ao canal BBC News Brasil, Zema classificou a inclusão de Moraes na Lei Magnitsky como um “alerta” para o Brasil.

“Defendo (a sanção contra Moraes) contra todo o sistema ditatorial. Nós não estamos prezando tanto a democracia aqui no Brasil? Agora, nós temos de lembrar de um detalhe: se tem uma democracia que é referência no mundo, é a dos Estados Unidos, a da Inglaterra”, disse.

“E se tem um país como os Estados Unidos retaliando alguém aqui, ao lado de ditadores, de Cuba, de Venezuela e de outros países, eu acho que isso é um alerta para o Brasil. Acho que o governo dos Estados Unidos não deveria ter colocado tarifaço. Deveria, sim, ter retaliado as pessoas que estão provocando esses problemas aqui no Brasil”, continuou Zema.

O ministro Alexandre de Moraes foi sancionado com base na Lei Magnitsky no dia 30 de julho. A medida foi confirmada pelo Departamento do Tesouro, que acusa Moraes de autorizar detenções arbitrárias, censurar opositores e suprimir a liberdade de expressão — incluindo contra cidadãos e empresas americanas.

Entre as punições previstas estão o bloqueio de bens e contas bancárias em território norte-americano, além do cancelamento do visto e a proibição de entrada nos EUA. Segundo o Tesouro, todas as propriedades e interesses financeiros ligados ao ministro que estejam nos EUA ou sob controle de cidadãos americanos devem ser bloqueados e reportados à autoridade local.

Críticas a Lula e Eduardo Bolsonaro

Zema afirmou ser contra a imposição de tarifas aos produtos brasileiros, mas apontou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o uso do dólar no comércio dos BRICS como fator que influenciam as decisões de Donald Trump.

“No dia que Trump anunciou o tarifaço, Lula deveria ter ido imediatamente encontrá-lo para saber o que estava acontecendo. Os EUA representam cerca de 12% da balança comercial brasileira. O Brasil, para os EUA, acho que 1,5%. Um cliente que é responsável por 12% das suas vendas, você não pode virar as costas, muito menos ficar agredindo gratuitamente, e foi o que o presidente fez”, disse Zema.

“Então, acho que nós temos que nos colocar no nosso lugar. O Brasil é um país que merece consideração, mas acho que o presidente Lula se julga muito mais do que o presidente do Brasil, infelizmente”, afirmou Zema.

O governador criticou também as ações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos e já admitiu que trabalha para que autoridades brasileiras sejam punidas pelo governo Trump.

“Eu julgo que o Brasil está em primeiro lugar. Ninguém, nenhuma pessoa, nem o presidente, está acima de uma nação com mais de 200 milhões de habitantes. Nenhum ex-presidente, nenhum ministro, ninguém. Então, não concordo. Primeiro o interesse do país e não o interesse de alguém”, finalizou Zema.

Leia também

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.