A atual duração do
contrato de concessão do serviço de transporte coletivo de Belo Horizonte, que vence em 2028, foi alvo de críticas durante audiência pública na Câmara Municipal (CMBH), nesta terça-feira (29). Uma dessas ponderações partiu diretamente do presidente da BHTrans em 2008, quando o acordo foi firmado, Ricardo Mendanha Ladeira.
Para os vereadores da
Comissão Especial do Contrato de Ônibus, Ladeira considerou o tempo de vinte anos como “absurdo” e comparou a duração com a “vida útil” dos veículos que operam na capital. “O ideal é pensar em dez, quinze anos no máximo. A idade média dos ônibus é de dez anos, alguns duram doze, mas essa é a média que deveria ser considerada. Tempo para ver se está funcionando, avaliar e, às vezes, renovar”, ponderou o ex-presidente da BHTrans.
‘Dez a zero nos concessionários’
A audiência pública desta terça-feira, requerida pelos vereadores
Fernanda Altoé (Novo),
Rudson Paixão (Solidariedade) e
Pablo Almeida (PL), ouviu, além do ex-presidente da BHTrans, o ex-secretário Murilo de Campos Valadares e o ex-procurador-geral do município, Marco Antônio de Rezende Teixeira. Os três integravam a administração pública quando o contrato vigente foi firmado, em 2008.
Segundo os parlamentares, o objetivo do encontro foi ouvir os convidados sobre o atual modelo, para identificar eventuais falhas e pontos de melhoria para o próximo contrato.
A participação dos convidados — que não era obrigatória, pois os mesmos não foram convocados — foi bem recebida pelos parlamentares. Durante a audiência, o vereador Rudson Paixão chegou a dizer que os três “deram de dez a zero” nos
empresários de ônibus, que alegaram “férias” para não comparecer à audiência da Comissão na última terça-feira (22).
Integração com o sistema metropolitano
Ex-secretário de Políticas Urbanas e Obras da PBH entre 2004 e 2008, Valadares avaliou, para os vereadores, que os problemas do transporte coletivo não serão totalmente resolvidos enquanto o município não buscar uma “integração” com as linhas metropolitanas.
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É um acordo muito difícil, porque ninguém quer perder o poder. Fui secretário no Estado e tentamos, mas a gente nem consegue conversar muito”.
— disse.
Próximos passos da Comissão
Na avaliação da presidente da Comissão, vereadora Altoé, a audiência desta terça-feira mostrou que o “problema” não seria o contrato em si, mas sim a gestão dos seus termos. De acordo com ela, nos próximos passos, a Comissão irá “fatiar” o contrato atual para apontar, futuramente, à prefeitura os pontos de melhoria.
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O problema não é o contrato. Ele foi muito bem pensado e planejado, dentro de um contexto em que se tira a total responsabilidade do Poder Público e se transfere ao executor do serviço [...] Vamos fazer a análise, ver o que funciona, o que precisa mudar, modernizar e propor melhorias”.
— declarou.