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Indústria nacional de veículos prevê demissão em massa se governo conceder benefício à empresa chinesa

BYD quer redução de alíquota de importação para desmontados e semi-desmontados; pedido deve ser analisado pelo governo em breve

Indústria automobilística prevê demissões com a medida estudada pelo governo Lula

A indústria nacional de veículos prevê demissões em massa caso o governo federal reduza a alíquota de importação para os modelos da montadora chinesa BYD, segundo fontes ouvidas pela coluna. O benefício seria aplicado aos chamados veículos Semi Knocked Down (SKD) - que chegam parcialmente desmontados - e Completely Knocked Down (CKD), enviados em peças separadas para montagem no país de destino.

A proposta em discussão prevê que, a partir de julho de 2026, a alíquota caia dos atuais 35% para 10% no caso dos SKD e 5% para os CKD.

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Representantes da indústria automotiva brasileira ouvidas pela coluna alertam que a entrada de veículos praticamente prontos, com tributação reduzida, teria impacto direto sobre o ciclo de investimentos já anunciado de R$ 180 bilhões, podendo gerar também cortes significativos de empregos nas principais montadoras instaladas no país.

O temor é que a medida seja aprovada ainda nesta semana, durante a próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão responsável por formular e implementar políticas para o setor.

Apelo à Lula

No último dia 15, as montadoras Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertando que “o ciclo virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem finalizados no país”, diz o documento.

Indignação

Já nesta segunda-feira (28), a Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças) e o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) enviaram um novo ofício ao presidente e à Camex. “Reiteramos nossa manifestação de profundo inconformismo e contrariedade com o eventual atendimento de pleito tão despropositado para os interesses nacionais”, diz o texto.

O que diz a BYD?

Procurada, a BYD informou que, por enquanto, ainda não tem posicionamento.

Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.