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STF cobra explicações sobre R$ 694 milhões em emendas Pix sem plano de trabalho

TCU terá dez dias para detalhar R$ 694 milhões em repasses sem transparência; dados serão enviados à PF para abertura de inquéritos

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Tribunal de Contas da União (TCU) apresente, em até dez dias, detalhes sobre cerca de R$ 694,6 milhões repassados por meio de emendas Pix que ainda não têm plano de trabalho registrado. Segundo a decisão, as informações devem ser enviadas às superintendências da Polícia Federal em todos os estados, para a instauração de inquéritos policiais.

A medida atende a uma série de decisões anteriores da Corte, que vêm exigindo transparência na execução desse tipo de repasse parlamentar.

O que são as emendas Pix?

  • São uma modalidade criada para simplificar o envio de recursos por deputados e senadores a estados e municípios.
  • Diferentemente das emendas tradicionais, não exigem a vinculação imediata do dinheiro a um projeto ou programa específico.
  • Justamente por essa facilidade, passaram a ser alvo de críticas de especialistas em controle público, que apontam riscos de mau uso dos recursos.

O problema identificado

De acordo com o TCU, ainda restam 964 repasses sem plano de trabalho registrado, referentes ao período de 2020 a 2024. Esses casos somam quase R$ 695 milhões.

  • Em fevereiro de 2025, eram mais de 8 mil situações pendentes.
  • Em março, esse número havia caído para 6,7 mil.
  • Mesmo assim, Flávio Dino destacou que ainda existe “descumprimento parcial” da decisão do STF, que exige a apresentação de planos.

Determinações de Flávio Dino

  • O presidente do TCU, ministro Vital do Rêgo, deverá identificar individualmente cada emenda e detalhar o valor destinado a estados e municípios.
  • As informações serão repassadas às superintendências da PF, para que sejam instaurados inquéritos policiais.
  • A apuração deve verificar se houve irregularidades no uso desses repasses.
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Por que isso importa?

O STF tem buscado limitar a falta de transparência das emendas Pix, consideradas uma “caixa-preta” por especialistas em orçamento. A ausência de planos de trabalho impede o acompanhamento sobre como e onde o dinheiro público está sendo aplicado.

Essa é mais uma etapa de um embate entre Judiciário, Congresso e órgãos de controle sobre a fiscalização dos recursos federais destinados a estados e municípios.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.