A Polícia Federal identificou uma relação próxima entre o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e o contador Adriano Marrocos, investigado por envolvimento em um esquema de desvio de emendas parlamentares. A informação consta em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas até o momento o senador não é formalmente investigado nem foi alvo da operação deflagrada nesta terça-feira (29).
Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), uma emenda indicada por Izalci teve um aumento expressivo: de R$ 732 mil para R$ 9,4 milhões. Desse valor, R$ 7,5 milhões foram destinados à Associação Moriá, responsável pela organização do Circuito de Jogos Digitais do Distrito Federal.
A Polícia Federal afirma que não há indícios diretos de conversa entre o senador e o contador sobre essas emendas. No entanto, aponta que os dois têm uma “relação bastante próxima”, já que se filiaram ao PSDB ao mesmo tempo e Marrocos participou de pelo menos dez audiências públicas ou sessões parlamentares solicitadas por Izalci nos últimos 14 anos.
A operação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do STF, em 22 de julho, mas a decisão só se tornou pública nesta quarta-feira (30). O ministro determinou a suspensão de repasses federais à Associação Moriá e proibiu a assinatura de novos contratos com a entidade.
As investigações da PF e da CGU apontam que a associação contratava empresas terceirizadas para eventos de e-sports, mas parte das contratações teria ocorrido de forma fraudulenta — com orçamentos falsos, empresas de fachada e direcionamento indevido dos serviços.
O esquema é suspeito de ter desviado até R$ 15 milhões em recursos públicos no Distrito Federal e no Espírito Santo. A reportagem não obteve resposta dos envolvidos até o momento da publicação. O espaço permanece aberto para manifestações.
