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Mateus Simões critica condução de Lula sobre tarifaço dos EUA e cobra ação diplomática

Vice-governador de Minas Gerais explicou impactos da cobrança no setor produtivo de Minas Gerais; também no estado, presidente criticou presidente norte-americano

Vice-governador Mateus Simões

O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), criticou nesta quinta-feira (24) a forma como o governo federal tem lidado com a imposição de tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. Em agenda em Januária, no norte de Minas, ele alertou para os impactos diretos que as novas medidas podem causar na economia mineira.

Segundo Simões, a região deve ser duramente atingida com a entrada em vigor das tarifas a partir de 1º de agosto. “Às vezes a gente chega aqui no Norte e fala, o que a tarifa do Trump tem a ver com o Norte de Minas? Nós somos fornecedores de fruta. E todas as frutas serão gravemente impactadas pelo Tarifaço”, afirmou.

Além das frutas, ele destacou que o café — uma das principais commodities de Minas — também será afetado. “Nós somos importantes produtores de café aqui no Norte. Toda venda de café será impactada. Os Estados Unidos é o nosso segundo maior comprador de frutas e o nosso maior comprador de café”.

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Crítica à política externa

Simões afirmou ainda que o governo estadual já iniciou conversas com produtores locais em busca de alternativas de mercado e criticou a condução da política externa do governo Lula (PT), lamentando que a condução do caso esteja fora do alcance dos governos estaduais.

“Infelizmente, a política internacional compete só à Presidência da República, não tem nada que a gente possa fazer para mudar a ideia do Trump ou a forma atabalhoada como o governo do Brasil está tratando a questão da negociação internacional”, disse.

O vice-governador cobrou mais protagonismo do governo brasileiro nas negociações com os Estados Unidos e criticou o uso de redes sociais como instrumento de reação política. “A gente pode lamentar, dar os dados para o governo federal e mostrar o que eles têm de negociar porque nós dependemos em grande parte das nossas exportações dos Estados Unidos. Não adianta ficar fazendo Twitter reclamando do presidente americano”.

Para Simões, a postura adequada exige diálogo direto com autoridades estrangeiras. “Tem que sentar na mesa e negociar as novas condições”.

Pedido ao governo federal

Mateus Simões também pediu que o presidente Lula evite declarações públicas sobre política interna dos EUA e permita que o Itamaraty conduza as tratativas. “Deixa o povo do Itamaraty trabalhar. Pare de dar opinião sobre política americana. Toma conta do Brasil, que está uma bagunça sob o governo dele”.

Apesar das críticas, Simões afirmou que o governo mineiro continuará atuando junto ao setor produtivo para mitigar os efeitos da crise. “O que o governo de Minas tem feito é trabalhar com cada um dos setores atingidos diretamente para desenvolver mercados alternativos nesse momento de desespero que vai se iniciar a partir de 1º de agosto com a praticamente paralisação das exportações para os Estados Unidos”, seguiu.

Nesta quinta-feira, também em Minas Gerais, o presidente Lula voltou a citar o tarifaço norte-americano e usou um jogo de cartas como metáfora para analisar a decisão do presidente Donald Trump de aumentar em 50% a taxa de produtos brasileiros que entram em seu país.

Em discurso na cidade de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, Lula afirmou que Trump está blefando, uma estratégia comum no jogo do truco - quando um jogador finge que tem cartas boas para intimidar o adversário.

“Ele nos deu até o dia 1º. Se não dermos uma resposta, vai taxar nosso comércio em 50%. Contar uma coisa para vocês, não sou mineiro, mas eu sou bom de truco, se ele estiver trucando, vai tomar um seis”, disse Lula.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.