O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou, em entrevista publicada neste domingo (14) pelo jornal The New York Times, que os Estados Unidos buscam garantir “impunidade” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula afirmou que o governo americano utilizou da aplicação de tarifas contra produtos brasileiros e de sanções da Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente.
“O governo dos Estados Unidos está usando as tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou um golpe de Estado malsucedido em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas”, diz o artigo do jornal americano.
“Estou orgulhoso da Suprema Corte brasileira pela sua decisão histórica de quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado democrático de direito”, afirmou Lula.
Aberto a negociar
Dirigindo-se diretamente ao presidente dos EUA, Donald Trump, Lula diz que o país está aberto a negociar quaisquer coisas que tragam benefícios mútuos para os países.
“Mas a democracia e a soberania brasileira não estão na mesa”, escreve Lula, repetindo que não há razões econômicas para impor tarifas contra o Brasil.
Lula negou que o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tenha sido uma “caça às bruxas”, termo usado pelo presidente americano, Donald Trump, na carta que anunciou as tarifas de 50%.
O presidente brasileiro lembra que as investigações sobre a tentativa de golpe no País revelaram um plano para assassinar a ele, ao vice-presidente Geraldo Alckmin e ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Alegações
Lula também diz que alegações de que o Brasil teria práticas injustas no comércio digital e em serviços de pagamentos eletrônicos, por supostamente priorizar o Pix, não têm base.
“Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema digital de pagamentos brasileiro, conhecido como Pix, permitiu a inclusão financeiras de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia”, diz o brasileiro.
“O governo Trump também acusou o sistema judiciário brasileiro de mirar e censurar empresas de tecnologia americanas. Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, domésticas ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar a regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção das nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio”, escreve o presidente para o jornal americano.
*Com Estadão Conteúdo