Ouvindo...

Kalil será ouvido em audiência na Justiça por suposto caso de nepotismo durante sua gestão à frente da PBH

Segundo a Promotoria, o crime teria sido cometido na nomeação de um servidor da Fundação de Parques e Zoobotânica que é irmão de uma ex-namorada de Kalil, que também havia sido lotada na prefeitura

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil

O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) será ouvido em audiência de instrução e julgamento na 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal da capital em decorrência de uma ação movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra ele por suposto crime de nepotismo durante sua gestão à frente da prefeitura.

A audiência, marcada pelo juiz Danilo Couto Lobato Bicalho, deve acontecer no próximo 18 de agosto, de forma presencial, e tem como objetivo a produção de provas no caso, com testemunhos e possibilidade de interrogatório dos réus, incluindo o ex-prefeito.

Segundo a Promotoria, o crime teria sido cometido na nomeação de um servidor da Fundação de Parques e Zoobotânica que é irmão de uma ex-namorada de Kalil, que também havia sido lotada na prefeitura.

Na ação, o MPMG pede a condenação por improbidade administrativa de Kalil e do funcionário, multa de 24 vezes o valor da remuneração recebida pelo servidor e a proibição de contratar com o poder público por quatro anos aos réus.

O suposto crime

Segundo o inquérito conduzido pela 17ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, a servidora F.A.G. manteve um relacionamento com Kalil entre 2011 e 2012 - fato confirmado por ela aos investigadores durante depoimento. F.A.G. foi nomeada em cargo comissionado na Procuradoria Municipal em abril de 2017.

Também em depoimento aos promotores, o então presidente da Fundação de Parques e Zoobotânica, Sérgio Domingues, afirmou que a nomeação do irmão da servidora aconteceu em outubro de 2020 após pedido feito pelo gabinete do prefeito e que não tinha conhecimento do parentesco de M.A.G. com F.A.G. A remuneração do servidor na fundação era de cerca de R$4.000.

“Como se vê, as provas testemunhais e documentais revelam, de modo cristalino, que ALEXANDRE KALIL tinha pleno conhecimento de que M.A.G. era irmão de uma servidora ocupante de cargo comissionado, bem como que a indigitada servidora, F.A.G. foi ‘namorada’ do ex-prefeito”, mostra trecho da ação feita pelo MPMG.

Para os promotores, a nomeação de M.A.G. violaria trechos da Lei 8.429/92, que pontua a ilegalidade em “nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas”.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa de Alexandre Kalil, mas não houve resposta até a publicação. O espaço continua aberto.

Leia também

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.