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Juiz relatou pressão sofrida em gabinete de Moraes: ‘não estou aguentando’

O desabafo, de 14 de janeiro de 2023, foi endereçado a Eduardo Tagliaferro, que era chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à época presidido pelo ministro do STF

O ministro Alexandre de Moraes, do STF

O juiz Airton Vieira, que foi auxiliar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes entre 2018 e março de 2025, relatou, em áudios, pressões que sofreu enquanto atuava em seu gabinete. Nas conversas, divulgadas nesta terça-feira (12) pelo portal Metrópoles, o magistrado afirma que havia chegado ao limite “físico, psicológico e emocional”.

O desabafo, de 14 de janeiro de 2023, de acordo com o site, foi endereçado a Eduardo Tagliaferro, que era chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à época presidido pelo ministro do STF.

“Olha, realmente a coisa está feia, viu? Eu não estou aguentando mais em termos físicos, psicológicos, emocionais. Eu não consigo dormir sossegado, eu não tenho tranquilidade, eu estou perdendo completamente a higidez mental, o pouco que eu ainda tinha, viu? Realmente a coisa está feia”, diz Vieira a Tagliaferro.

“Até depois, em questões de audiência de custódia, sabe, ele vem dando palpite. Espera um pouco, né? Olha, eu não sei como vai evoluir isso, honestamente falando, mas eu sei que eu já cheguei ao meu limite, aliás, já ultrapassei o meu limite faz tempo. É que agora eu estou numa situação, né, eu havia pensado já. Já tinha decidido antecipar a minha passagem”, afirma o juiz. Ele fez referência a antecipar seu retorno ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Vieira relatou também passar por problemas familiares devido à pressão no gabinete de Moraes. “Eu falei: bom, agora que a temperatura vai diminuir, etc., etc. Só que voltou a subir de uma forma exponencial e agora eu fico constrangido de antecipar qualquer coisa, porque passaria a impressão de que eu estaria saindo, pulando do barco, justamente no momento, talvez, de maior tempestade. Isso eu acho desagradável e eu não faria, né? Deixando, no caso, o ministro na mão, mas está muito, muito, muito difícil”, disse.

“Minha família está sendo extremamente prejudicada e toda essa situação, além de tudo, do trabalho. Porque se a situação do trabalho fosse boa, tudo bem, mas essa situação, sabe? Pressão para tudo quanto é lado, cobrança, o que a gente fala não tem crédito, tudo para anteontem”, lamentou.

Tagliaferro é investigado pelo vazamento de conversas de WhatsApp trocadas com integrantes do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. A Polícia Federal chegou a indiciar o ex-assessor do ministro por violação de sigilo funcional com dano à administração pública. Na última sexta-feira (8), Moraes negou um pedido da defesa de Tagliaferro para ter acesso aos autos do inquérito.

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