Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), negou nesta quinta-feira (25) qualquer envolvimento com a chamada “minuta do golpe”, documento que sugeria, entre outras medidas, a prisão de autoridades e uma intervenção direta no Poder Judiciário.
O depoimento ocorreu no âmbito das investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Martins integra o chamado “núcleo dois” da trama, acusado de organizar e operacionalizar estratégias para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Martins seria um dos autores do texto golpista. Em sua oitiva, no entanto, ele negou qualquer contato com a minuta e afirmou que só teve conhecimento de sua existência por meio de reportagens na imprensa.
O ex-assessor também rechaçou a acusação de ter embarcado com Bolsonaro para os Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, véspera da posse de Lula. Embora seu nome constasse em uma lista de passageiros do voo presidencial, Martins alegou que a relação não era definitiva. A versão foi confirmada por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator nas investigações.
Além de Martins, estão previstos para prestar depoimento nesta quinta-feira nomes como Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor do então presidente; Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça; e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, entre outros.
Diferentemente do núcleo principal, que envolve diretamente Jair Bolsonaro, os depoimentos do núcleo dois ocorrem por videoconferência e são transmitidos pelo canal do STF no YouTube. As oitivas estão sendo conduzidas pelo juiz auxiliar Rafael Henrique, que atua junto ao ministro Alexandre de Moraes.
