Ex-vereador de BH é condenado por empregar amante e coordenar esquema de rachadinha

Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou que ex-parlamentar Doutor Sandro e aliados percam direitos políticos e devolvam mais de R$ 1,8 bilhão recebido indevidamente

Doutor Sandro em 2016, seu último ano de mandato na Câmara Municipal de BH

O ex-vereador da capital mineira, Sandro Saltara— conhecido como Doutor Sandro — foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) por improbidade administrativa. A decisão proferida na terça-feira (2) na 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte considerou que o ex-parlamentar nomeou sua amante para seu gabinete e, com ela, estabeleceu um esquema de ‘rachadinhas’ para desvio de recursos públicos.

Sandro foi vereador de BH entre 2008 e 2016, quando integrava os quadros do PCdoB, e a condenação se deu por atos realizados em seu segundo mandato. O ex-parlamentar, a amante e mais dois integrantes do esquema deverão ressarcir os cofres do município em R$ 1,8 milhão.

Além disso, todos tiveram seus direitos políticos cassados por diferentes períodos. O mais longo é o do ex-vereador, que deverá se afastar da vida pública por 14 anos. A informação foi divulgada pelo portal O Fator e confirmada pela Itatiaia.

A reportagem tenta contato com o ex-vereador e mantém o espaço aberto para que ele se manifeste sobre a decisão da Justiça. Cabe ainda ao ex-parlamentar a possibilidade de recorrer da condenação judicialmente.

Entenda o caso

Na decisão, o juiz Mateus Bicalho de Melo Chavinho baseou sua decisão pela condenação a partir de dois contextos fáticos distintos. O primeiro deles é a relação com uma mulher cujas iniciais são “A. O.”, descrita no processo como amante do ex-vereador.

A sentença aponta que o ex-vereador nomeou deliberadamente sua amante para o cargo comissionado de assessora política, ainda que ela recebesse salários sem prestar, de fato, serviços na Câmara da capital.

Pela nomeação da amante, foi considerado dolo do ex-vereador e foi determinada sua condenação por ato de improbidade por prejuízo ao erário. Por ter aceito a vaga, a mulher incorreu em enriquecimento ilícito, segundo o magistrado. Ao todo, A.O. recebeu quase R$ 640 mil dos cofres públicos.

O segundo contexto está relacionado ao envolvimento com outros dois condenados do casa, que também aceitaram trabalhar como ‘funcionários fantasma’ sob a prerrogativa de entregar ao então vereador parte de seus vencimentos, a chamada ‘rachadinha’.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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