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Ex-comandante da Marinha nega plano de golpe e contesta delação de Cid

Alegações finais dizem que PGR não provou vínculo com atos do 8 de janeiro

Almirante Almir Garnir, único chefe das Forças Armadas a aderir ao plano golpista segundo a PGR

O almirante Almir Garnier, que chefiou a Marinha no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não participou de qualquer articulação golpista e pediu que a delação do tenente-coronel Mauro Cid seja desconsiderada. Para a defesa, o acordo foi “viciado por responsabilidade do delator” e apresenta “omissão de fatos graves” e “narrativa seletiva”, o que colocaria em dúvida todas as declarações.

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Garnier é acusado de ter colocado tropas à disposição de Bolsonaro, em dezembro de 2022, para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A versão foi dada em depoimento por dois ex-comandantes das Forças Armadas, mas negada pelo almirante. “Não coloquei tropas à disposição para qualquer ato golpista”, disse no interrogatório.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) imputa a ele cinco crimes, entre eles organização criminosa armada e golpe de Estado. Nas alegações finais, a defesa afirma que a acusação incluiu “fatos inéditos” - como o desfile da Marinha em 2021 e a ausência na cerimônia de passagem de comando - que não estavam na denúncia. Para os advogados, isso exige aditamento da acusação e reabertura da instrução.

Os defensores dizem ainda que não há provas individualizadas ligando Garnier aos atos de 8 de janeiro de 2023 e que manifestações políticas atribuídas ao militar estão protegidas pela liberdade de expressão. “Não se pune o pensamento autoritário ou o desacordo ideológico, mas a tentativa de subversão por meios violentos — elemento que não está presente no caso”, afirma o documento.

As alegações finais representam a última oportunidade para que as defesas dos réus reforcem seus argumentos aos ministros do STF antes do julgamento. Essa fase representa a parte final do andamento do processo.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio