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Em audiência, conflito entre Israel e Palestina gera debate acalorado na Câmara de BH

Na última semana, uma comitiva com 12 autoridades brasileiras, incluindo o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), foi até Israel para participar de agendas ligadas à segurança pública

Discussões aconteceram na Câmara Municipal de Belo Horizonte nesta terça-feira (17)

Vereadores da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) discutiram, nesta terça-feira (17), o conflito entre Israel e Palestina, além da recente ofensiva israelense contra o Irã.

Uma audiência pública foi solicitada pelo Comitê Mineiro de Solidariedade à Palestina e causou discussões acaloradas sobre as motivações da guerra e ofensivas do Estado Judeu. Houve críticas à Prefeitura de Belo Horizonte e suas relações com Israel.

Na última semana, uma comitiva com 12 autoridades brasileiras, incluindo o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), foi até Israel para participar de agendas ligadas à segurança pública.

Contudo, em meio à escalada do conflito com o Irã, os gestores ficaram retidos durante alguns dias no país e parte deles precisou cruzar o território israelense para conseguir retornar ao Brasil em uma aeronave particular que partiu da Arábia Saudita.

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Na audiência na Câmara, a presença de vereadores de direita, que declaram apoio à Israel, provocou debate acalorado entre os participantes da reunião.

A presidente da comissão, a vereadora Jhulia Santos (PSOL), foi quem conduziu as tratativas, e reforçou o posicionamento de parlamentares que são contrários à ida do prefeito de Belo Horizonte a Israel.

“Nós trouxemos a discussão para dentro da Casa e a gente entendeu como um dos piores momentos para estreitar laços com Israel, tanto que agora a gente assistiu a volta antecipada do prefeito. Nosso posicionamento passa por esse lugar da preservação e da condição inegociável de humanidade, seja ela em Belo Horizonte, ou em qualquer lugar”, destacou a vereadora.

Ela reforçou que o Itamaraty havia recomendado a não ida da comitiva de autoridades brasileiras a Israel e defende que há “tecnologia de segurança suficiente” em BH. “Não dá para entender como natural essa aproximação com Israel principalmente neste momento, onde segue em curso essa violência, esse processo de abate e extermínio do povo palestino”, afirma.

O vereador Vile (PL), por outro lado, defendeu a aproximação com Israel e disse que o prefeito de BH teve uma “visita infeliz” por coincidir com os ataques aéreos contra o Irã.

“A esquerda acha que Israel fez isso deliberadamente, ‘vamos levar a comissão de brasileiros a Israel, agora vamos atacar o Irã’, como se decisões militares fossem feitas de última hora. O que muito me assusta e eu disse aqui na comissão são pessoas de extrema esquerda que dizem defender o direito de mulheres e dos LGBTs, defender países que matam gays, LGBTs, pessoas em geral, enforcam, jogam de prédios. E que se a mulher deixar um fio de cabelo para fora da burca ela é apedrejada em praça pública. Vim aqui questionar isso”, defende.

O Presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Ualid Rabah, também participou da audiência. Ele afirmou que BH e o Brasil não têm vantagens em manter relações com o país israelense.

“Não serve economicamente, não serve socialmente, não serve tecnologicamente. Netanyahu já pediu ajuda ao presidente Donald Trump para dar conta de uma guerra que ele iniciou, porque ele é que tem armas atômicas, que ele que não é signatário do acordo de não proliferação nuclear”, finaliza.

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.