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‘Decisão de Dandara de ir à Justiça é uma afronta ao PT e aos seus filiados’, diz Rogério Correia

Deputado federal apoia Leninha na disputa pelo comando do PT e fez duras críticas à judicialização da disputa em Minas Gerais

Deputado Rogério Correia criticou decisão de deputada Dandara de acionar a Justiça para disputa pelo PT em Minas

O deputado Rogério Correia afirmou que a decisão da deputada Dandara de acionar a Justiça para conseguir disputar a presidência estadual do PT foi uma afronta à direção do partido e aos seus filiados e militantes.

Em entrevista neste domingo (6), horas após o adiamento da eleição do PT em Minas Gerais, Rogério Correia disse que a chapa de Dandara desrespeitou as decisões internas da sigla.

Segundo Correia, a direção nacional vai recorrer na Justiça e espera derrubar a liminar que determinou a inclusão de Dandara na disputa pelo comando estadual do partido. Na disputa estadual, Rogério apoia a candidatura da deputada Leninha, vice-presidente da Assembleia de Minas.

“Infelizmente, a eleição em Minas Gerais acabou sendo adiada. Isso porque a ex-candidata Dandara acabou entrando na Justiça e a partir daí o resultado foi o adiamento. Não havia condições físicas e políticas de realizar essa eleição. A decisão foi sábado à noite, por um juiz plantonista do Distrito Federal. Haverá uma definição sobre a nova data a partir de terça-feira, no Diretório Nacional, que já recorreu na Justiça contra a liminar”, afirmou Correia, após reunião com os vereadores Pedro Patrus e Luiza Dulci e com o candidato à presidência do PT em Belo Horizonte, Robson Silva.

“O absurdo de ir à Justiça é muito grande. Não é uma afronta à direção, mas aos filiados e militantes. Nós nunca fomos partido de aluguel. Tem vários partidos de aluguel no Brasil, o PT não. O PT é um partido de militantes, tem regras, é um partido de movimentos sociais, de pessoas que querem mudar o país. O que aconteceu foi muito grave”, continuou o deputado.

Dívida com o PT

A disputa interna começou com a negativa de candidatura à presidência estadual do partido para a deputada federal Dandara, que tem atuação na região do Triângulo Mineiro.

Instâncias administrativas do PT alegavam que a deputada tinha uma dívida partidária na ordem de R$ 130 mil. A parlamentar negou, dizendo que já havia quitado essas obrigações.

Neste domingo (6), Rogério relembrou a dívida e disse que não teria “coragem” de se lançar candidato se tivesse uma dívida com o partido. “Eu não seria candidato se devesse ao partido R$ 136 mil, não teria coragem de encarar os militantes”, afirmou.

Rogério Correia criticou também o deputado Reginaldo Lopes, que participa de uma corrente interna divergente dentro do PT. Os dois deputados já trocaram alfinetadas nos últimos anos e têm se distanciado cada vez mais. “O Reginaldo apoia a Dandara. Em relação à eleição de BH no ano passado, ele trabalhou o tempo inteiro para o Fuad e traiu as decisões do partido”, disse Rogério.

Dandara escreve carta aos filiados

Em suas redes sociais, Dandara divulgou neste domingo (6) uma carta destinada aos filiados e filiadas do PT, dizendo que foi alvo de perseguição interna e ressaltando sua intenção de participar da eleição estadual do partido.

"É com profundo respeito a todos que hoje me dirijo a vocês que, acordaram nesta manhã de domingo, imbuídos do espírito democrático, para participar do Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores. Infelizmente, às 23h da noite de ontem, fomos comunicados do adiamento das eleições no estado por parte de uma maioria de 14 votos da Executiva Nacional do PT, motivado pela decisão da Justiça em garantir o meu direito de disputar as eleições como candidata à presidência do PT de Minas Gerais. Respeito essa decisão”, escreveu Dandara.

“Em todo esse processo, nós buscamos o diálogo, a justiça e a verdade, procurando esgotar todas as discussões nas instâncias partidárias antes de recorrer à justiça. No entanto, devido à tentativa de indeferir a minha candidatura sob uma justificativa já comprovadamente infundada, não tivemos outra escolha. Não podemos tolerar a instrumentalização da burocracia para avançar em perseguições políticas”, continua a deputada.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.