A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nem começou e já tomou conta dos holofotes de Brasília. Isso porque a base do governo no Congresso tomou uma “rasteira” da oposição na escolha do presidente da comissão.
A estratégia da oposição conseguiu derrotar as indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no comando e na relatoria da CPMI.
A expectativa inicial era de que o senador Omar Aziz (PSD-AM) assumisse o comando da comissão, após acordo costurado junto a Alcolumbre. No entanto, a oposição conseguiu uma manobra e surgiu o nome de Carlos Viana (Podemos-MG), que venceu a disputa pela presidência com 17 votos.
Pelo regimento, cabe ao presidente indicar o relator da CPMI. Motta havia sugerido o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para o posto, mas Viana preferiu nomear o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
A votação para eleger o presidente do colegiado aconteceu na quarta-feira (20).
Articulação
Segundo parlamentares ouvidos pela Itatiaia, a operação foi articulada na véspera da votação, em reunião com líderes oposicionistas. A estratégia teve aval do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Na noite anterior da votação, parlamentares da oposição se reuniram para definir a estratégia que seria adotada na CPMI. De acordo com os relatos, os deputados contaram os votos e perceberam que poderia emplacar um nome, caso conseguissem costurar acordos políticos.
O cálculo era de que Viana, alinhado à direita, poderia atrair também votos do centro, o que acabou se confirmando. A movimentação surpreendeu a base governista e até Alcolumbre, que havia fechado acordo pelo nome de Aziz.
Após a derrota, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), assumiu a responsabilidade, mas minimizou o impacto da presidência ter ficado com a oposição, ressaltando que o governo mantém maioria no colegiado.
“A maioria dos membros da CPMI têm lealdade ao governo e vamos conduzir a CPMI, não vamos permitir que a CPMI se torne palco da oposição. Tenho certeza de que vamos consolidar a maioria que estava prevista desde o início” afirmou Randolfe
Agora, a base tenta assegurar a vice-presidência, e o nome mais cotado é o do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Início da Comissão
Os trabalhos da CPMI serão iniciados na próxima terça-feira (26). Em coletiva realizada na quarta, Vianna disse que na primeira reunião os parlamentares devem votar requerimentos para contar com o apoio técnico de servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal e do próprio INSS.
Viana afirmou que esses servidores serão fundamentais para a quebra de sigilos, diligências e análise de dados.
A expectativa é de que na quinta-feira (28), será apreciado o plano de trabalho que será apresentado pelo relator.