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CPMI do INSS: entenda a manobra da oposição para ficar com a presidência

Senador Carlos Viana foi eleito para comandar o colegiado e o deputado Alfredo Gaspar será o relator

Senador Carlos Viana, eleito presidente da CPMI do INSS

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nem começou e já tomou conta dos holofotes de Brasília. Isso porque a base do governo no Congresso tomou uma “rasteira” da oposição na escolha do presidente da comissão.

A estratégia da oposição conseguiu derrotar as indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no comando e na relatoria da CPMI.

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A expectativa inicial era de que o senador Omar Aziz (PSD-AM) assumisse o comando da comissão, após acordo costurado junto a Alcolumbre. No entanto, a oposição conseguiu uma manobra e surgiu o nome de Carlos Viana (Podemos-MG), que venceu a disputa pela presidência com 17 votos.

Pelo regimento, cabe ao presidente indicar o relator da CPMI. Motta havia sugerido o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para o posto, mas Viana preferiu nomear o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

A votação para eleger o presidente do colegiado aconteceu na quarta-feira (20).

Articulação

Segundo parlamentares ouvidos pela Itatiaia, a operação foi articulada na véspera da votação, em reunião com líderes oposicionistas. A estratégia teve aval do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).

Na noite anterior da votação, parlamentares da oposição se reuniram para definir a estratégia que seria adotada na CPMI. De acordo com os relatos, os deputados contaram os votos e perceberam que poderia emplacar um nome, caso conseguissem costurar acordos políticos.

O cálculo era de que Viana, alinhado à direita, poderia atrair também votos do centro, o que acabou se confirmando. A movimentação surpreendeu a base governista e até Alcolumbre, que havia fechado acordo pelo nome de Aziz.

Após a derrota, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), assumiu a responsabilidade, mas minimizou o impacto da presidência ter ficado com a oposição, ressaltando que o governo mantém maioria no colegiado.

“A maioria dos membros da CPMI têm lealdade ao governo e vamos conduzir a CPMI, não vamos permitir que a CPMI se torne palco da oposição. Tenho certeza de que vamos consolidar a maioria que estava prevista desde o início” afirmou Randolfe

Agora, a base tenta assegurar a vice-presidência, e o nome mais cotado é o do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

Início da Comissão

Os trabalhos da CPMI serão iniciados na próxima terça-feira (26). Em coletiva realizada na quarta, Vianna disse que na primeira reunião os parlamentares devem votar requerimentos para contar com o apoio técnico de servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal e do próprio INSS.

Viana afirmou que esses servidores serão fundamentais para a quebra de sigilos, diligências e análise de dados.

A expectativa é de que na quinta-feira (28), será apreciado o plano de trabalho que será apresentado pelo relator.

Nossos repórteres escrevem todos os dias notas dos bastidores de Brasília
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.