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Bertha Maakaroun | 7 de Setembro será de batalha nas ruas em torno do julgamento de Bolsonaro

Também ao centro das manifestações estará o debate em torno da anistia aos envolvidos na trama golpista, que abrangeria inclusive Jair Bolsonaro, como reivindica o PL

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O Sete de Setembro vai se tornar, neste domingo, uma batalha verbal nas ruas em torno do julgamento do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

Também ao centro das manifestações estará o debate em torno da anistia aos envolvidos na trama golpista, que abrangeria inclusive Jair Bolsonaro, como reivindica o PL. De um lado, bolsonaristas sairão às ruas para defender o movimento em curso na Câmara, do qual participa o Centrão e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

De outro, sem mencioná-los diretamente, Eduardo Bolsonaro segue, pelo X, disparando contra Tarcísio de Freitas e o Centrão, que segundo ele querem “chantagear” o pai para que Bolsonaro escolha Tarcísio de Freitas, em 2026, para ser o candidato a presidente do grupo.

De Minas Gerais vão participar do ato convocado pelo pastor Silas Malafaia na avenida Paulista, além do governador Romeu Zema (Novo), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL), que desta vez irá discursar. Caporezzo vai questionar a imparcialidade de Alexandre de Moraes e vai negar que tenha havido tentativa de golpe de estado.

Em Belo Horizonte, bolsonaristas também preparam ato pela manhã, do qual confirmaram a participação até aqui, além de Nikolas Ferreira, os deputados estaduais Bruno Engler (PL), Sargento Rodrigues (PL) e Chiara Biondini (PP).

No campo político oposto, as manifestações de rua irão condenar qualquer tentativa de anistia e denunciar os riscos de que a impunidade evolua para futuras novas tentativas de golpe de estado. O presidente Lula irá ressaltar em seu pronunciamento da celebração do Sete de Setembro a soberania do Brasil e criticar “traidores da pátria”, que, dirá ele, agem contra os interesses nacionais no exterior.

Para além das ruas, no Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal têm posições diferentes em relação à anistia. Na Câmara, o movimento ganhou corpo com o ingresso de Tarcísio de Freitas e do Centrão, que querem viabilizar a candidatura de Tarcísio, tendo por vice o senador Ciro Nogueira (PP-PI) ou a senadora Tereza Cristina (PP-MS) ou Michelle Bolsonaro (PL).

Já no Senado Federal, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) descarta uma anistia ampla, geral e irrestrita, apontando riscos da impunidade e de tentativas futuras e propõe um projeto para a redução das penas, sem contudo anistiar envolvidos na trama golpista.

No Supremo Tribunal Federal (STF) o entendimento é de que crimes cometidos contra o Estado democrático de Direito não podem ser anistiados, já que a democracia é uma cláusula pétrea, que estrutura e fundamenta toda a Constituição Federal.

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Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora