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Em Belo Horizonte, o
No primeiro ano de mandato à frente da capital mineira, Damião conta que é preciso alterar uma “filosofia” existente na estrutura da cidade de que eventos culturais trazem apenas despesas para os cofres públicos.
“É preciso mostrar para BH o quanto é bom você ter um grande evento. Porque gera dinheiro, emprego, alegria, entretenimento, divulgação para a cidade, fazendo com que o Brasil inteiro venha, o mundo inteiro, então a gente só ganha com isso”, afirmou o prefeito.
Mega estrutura para receber grandes estrelas
No Rio de Janeiro, o projeto, que antes recebeu o nome de “Celebration May”, teve como
Foram instalados 16 torres com caixas de som e 12 telões de LED que retransmitiram o show em tempo real para o público que estava mais distante do palco principal.
Segundo a RioTur, empresa municipal de turismo do Rio de Janeiro, o show da estrela pop no último ano atraiu 1,6 milhão de pessoas, sendo 150 mil turistas. Estimativas do governo estadual apontaram que o evento injetou R$ 300 milhões na economia da cidade, com a ocupação de 96% da rede hoteleira local.
Neste ano, a
BH está pronta para receber um evento deste porte?
Para o prefeito Álvaro Damião a resposta é sim. De acordo ele, burocraticamente, a cidade ainda tem algumas barreiras que a deixam menos atrativa para produtoras e patrocinadores, mas que o objetivo é que o processo seja desburocratizado nos próximos meses.
“Estamos desburocratizando a cidade para poder ver que forma podemos ser parceiros daqueles que querem fazer eventos desse porte em Belo Horizonte. A prefeitura será parceira desses que querem promover eventos desse nível na cidade”, afirmou o prefeito.
Questionado se os eventos já poderiam acontecer a partir do próximo ano, Damião disse que sim, mas que a realização desses shows não dependem apenas da administração municipal. “O que estou deixando bem claro, principalmente para o setor de eventos do Brasil inteiro, é que BH está de portas abertas. Com uma filosofia nova, diferente, pensando no crescimento da cidade através do entretenimento também. Mostramos no Carnaval que dá certo”, disse para a Itatiaia.
Em 2025,
Desafios de cada cidade
A reportagem da Itatiaia procurou a Bonus Track, responsável pela produção do “Todo Mundo no Rio”. Segundo o sócio da empresa, Luiz Guilherme Niemeyer, para o projeto ser reproduzido em outras localidades, é preciso levar em consideração outros fatores, além da vontade do poder público de investir na democratização do acesso à cultura.
“O impacto do entretenimento é real, mas é preciso entender a dinâmica da cidade, sua geografia, capacidade de receber turistas, aspectos ligados a urbanismo, tradição e características dos moradores”, afirmou o empresário.
Ele continua dizendo que esses projetos precisam “caber” no município e em seus espaços públicos para que o evento ocorra da melhor forma possível.
Em BH, o prefeito citou espaços icônicos da capital como possíveis palcos desses espetáculos, como a região da Pampulha e também a Praça da Estação — que recebeu mais de 100 mil pessoas em um
Patrocínios são parte importante do investimento
Assim como aconteceu, não só em Belo Horizonte no Carnaval, mas também em outras capitais, shows gratuitos, como os do Rio de Janeiro, dependem, além de iniciativas públicas, de patrocinadores para arcar com parte do investimento.
No show de Lady Gaga, a maior patrocinadora foi a cervejaria Corona, além da companhia área Latam e do banco Santander, além de apoiadores como C&A, Deezer, 99 e Zé Delivery.
No Rio de Janeiro, os patrocinadores têm direito a um espaço VIP, bem próximo do palco. Nessa área, normalmente destinada a influenciadores, políticos e convidados das marcas, são servidas comidas, bebidas além de pontos de descanso e conforto. Nas duas edições do “Todo Mundo no Rio”, alguns fãs sortudos foram escolhidos para ter a oportunidade de ficar mais perto das artistas, em comparação com quem acompanhava o show da faixa de areia normal.
Como esses eventos não dependem apenas da prefeitura, segundo o prefeito de BH, o município já busca empresas parceiras que queiram apostar em um show parecido na capital que está “de portas abertas”.
Mostrar tudo que BH tem
Um dos turistas que saiu de Belo Horizonte para acompanhar as duas últimas edições do projeto no Rio de Janeiro é o veterinário Humberto Pisani, de 29 anos.
Ele acredita que, apesar de BH não ter praias, como a capital fluminense, shows de outros artistas internacionais poderiam tornar a cidade suficientemente atrativa para pessoas do mundo todo. “Se tivesse algo parecido em BH, estando aqui, eu super iria. Tenho certeza que o gasto, como morador, seria menor”, disse para a reportagem.
Durante a viagem neste ano, ele conta que conseguiu economizar ficando na casa de um amigo, mas que a média de custo diário no município ficou em torno de R$ 200.
O publicitário Erick Martins, de 25 anos, morador de Vespasiano, na região metropolitana de BH, também esteve nos dois últimos shows no Rio de Janeiro. Para ele, no entanto, a capital mineira precisa de mudanças para receber espetáculos parecidos, que vão desde organização da cidade em si — como transporte público e trânsito — até valorização da cultura local.
“BH é um lugar que tem se tornado cada vez mais um grande atrativo cultural para a cidade, pela cultura, pelas pessoas, pela gastronomia e, se desse para atrair mais turistas para cá, mostrar tudo que a gente tem e também tornar acessíveis shows que nem todo mundo tem acesso, seria incrível. Mas, sendo uma pessoa que frequenta espaços públicos e atividades culturais que acontecem aqui, entendo que ainda temos uma grande limitação de estrutura”, disse Erick.
Ele relata que, neste ano, enfrentou dificuldades para sair de Copacabana após o fim do show. De acordo com o publicitário, sem o planejamento necessário em BH, a cidade iria entrar “em colapso”. “No Rio isso foi uma dificuldade, e pensa que é uma cidade daquele tamanho, com um metrô que funciona e conecta vários bairros, mas, mesmo assim, foi caótico. Então, primeiro de tudo, acho que precisa pensar em transporte público e também em acessibilidade, já que os espaços são mais limitados”, contou para a Itatiaia.
Qual estrela viria para Belo Horizonte?
Para a reportagem o prefeito disse que ainda não tem nomes específicos em mente, mas tem a “proposta”, a “ideia” e uma “nova filosofia” a ser aplicada no município, voltada para o setor de entretenimento.
“Vamos melhorar muito a qualidade de vida daqueles que valorizam a cultura e que entendem que cultura e eventos não são gastos, mas sim investimentos. Investimento em qualidade de vida das pessoas e na cabeça das pessoas”.