Com o PL fora da base, o governador Romeu Zema (Novo) pode ter dificuldades para aprovar projetos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais neste ano. A legenda formou uma bancada independente, que será liderada pelo deputado Bruno Engler (PL).
Nos bastidores, fontes garantem que o plano de fundo da mudança é a eleição de 2026, que deve colocar PL e Novo em lados opostos na disputa pelo governo de Minas. O Novo, de Zema, vai lançar o vice-governador Mateus Simões. Já o PL, partido do deputado federal Nikolas Ferreira, tem muita proximidade do com senador Cleitinho Azevedo (Republicano), que já sinalizou que pretende concorrer ao Executivo estadual.
Bruno Engler diz que a saída do PL do bloco de apoio a Zema na Assembleia foi motivada por busca de independência e protagonismo. Apesar de ser uma sigla de direita, o PL pode, curiosamente, se unir às siglas de esquerda em algumas pautas contra o governo Zema. Isso, inclusive, já ocorreu no ano passado, na defesa de reajustes aos servidores públicos, especialmente às forças de segurança.
A bancada independente do PL tem 11 deputados, enquanto o bloco de oposição soma 20 parlamentares. Juntos, eles podem dificultar a vida do governador em votações importantes. Eleito nessa terça-feira (11), o líder da minoria, deputado Cristiano Silveira (PT), confirmou a possibilidade de atuação conjunta.
“Acho que o PL vai caminhar para ter mais independência com relação à agenda governamental. Já havia tendo, mesmo estando na base do governo, e isso pode fazer com que sim, com que algumas pautas que a gente tem trabalhado poderemos ter convergência. Por exemplo, muita pauta relacionada a servidor público, nós tivemos em vários momentos votações em conjunto. Então, acho que, a depender do comportamento do PL, avaliando o que foi do passado até aqui, é uma bancada que tende a ser mais independente ainda do que foi quando era a base do governo”, analisou Silveira.
O bloco de oposição “Democracia e Luta”, que conta com 20 parlamentares de cinco partidos diferentes, continuará sendo liderado pelo deputado Ulysses Gomes (PT).
Base do governo
Outro parlamentar que votou contra o governo em algumas votações no ano passado foi o deputado Noraldino Júnior (PSB), que agora foi eleito líder bloco “Avança Minas”, base de apoio de Zema com 22 deputados. Questionado pela Itatiaia, Noraldino negou qualquer tipo de conflito com o governo. “A liderança de um bloco é uma posição muito estratégica e eu tenho que ouvir todos os deputados. Não vejo nenhum conflito com o governo, eu sempre tive um bom trânsito, um bom diálogo com o governo, sempre apoiei todas as pautas que foram importantes para o Estado, então, eu vejo que é uma possibilidade de ampliação do diálogo”, disse Noraldino.
Pra fechar a base, Zema terá o apoio do bloco “Minas em Frente”, com 24 deputados de seis partidos diferentes, e que permanece sendo liderado pelo deputado Cássio Soares (PSD). Zema também contará com o apoio de um velho conhecido: o deputado estadual Roberto Andrade (PRD), escolhido para ser líder da maioria. "(A escolha ocorreu) pelo fato do nosso relacionamento junto à Assembleia, junto ao governo do Estado, junto aos colegas, tanto da situação quanto da oposição, que eu sempre pautei a minha atuação da Assembleia pelo diálogo, pelo respeito, pelos colegas, pela opinião de cada um”, afirmou Roberto Andrade.