O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrou com uma ação popular na Justiça Federal do Distrito Federal pedindo que sejam apurados todos os atos de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central. O parlamentar aponta que há conflitos de interesse e má gestão da política monetária do país sob a condução do economista à frente do órgão.
Caso fique comprovado eventuais prejuízos, Boulos estende os pedidos para um eventual afastamento de Campos Neto do cargo. Vale destacar que o mandato do presidente do BC termina em 31 de dezembro deste ano. Em seu lugar, assume Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula (PT).
O deputado busca responsabilizar Campos Neto por supostos prejuízos causados ao erário, questionando sua imparcialidade na condução do órgão. Na ação, Boulos destaca o suposto alinhamento político de Campos Neto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O economista chegou ao cargo por indicação do antecessor do presidente Lula, em fevereiro de 2019.
Boulos aponta que o suposto vínculo entre Campos Neto e Bolsonaro compromete a neutralidade esperada na condução do Banco Central. O deputado destaca que nos dois anos à frente da instituição e que coincidiram com o novo governo, o economista envolveu-se “em inúmeros atritos” com Lula e integrantes do governo.
“Foi a público diversas vezes, em fóruns e à frente dos microfones, para criticar a economia ou cantar presságios devastadores quanto aos rumos do Brasil e de sua saúde econômico-financeira, incluindo profunda incerteza no cenário econômico nacional, afastando investidores e difundindo o pessimismo e o temor na população – afinal, é da palavra da máxima figura em termos de política monetária”, diz Boulos, na ação.
Além disso, o deputado acusa Campos Neto de manter juros altos deliberadamente, o que supostamente favoreceria setores rentistas e prejudicaria a economia, a indústria e o consumidor final. Segundo Boulos, essa política contribui para a desaceleração econômica e a queda de popularidade do governo federal, com implicações políticas claras.
Boulos sugere que Campos Neto comete atos de improbidade administrativa por favorecer interesses próprios e adotar uma postura parcial em decisões que deveriam ser técnicas e isentas.
O processo foi distribuído à 2ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal.
A Itatiaia procurou o Banco Central para posicionamento na noite desta quinta-feira (28). Até o momento, não houve retorno. Caso aconteça, este texto será atualizado.