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Se condenado à pena máxima, Bolsonaro pode ficar inelegível até os 106 anos de idade

Cálculo considera se ele for julgado e condenado ainda em 2025

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Indiciado pelas tentativas de golpe de Estado e de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) corre o risco de ficar inelegível até os 106 anos de idade. Isso se ele for julgado e punido com as penas máximas previstas ainda em 2025. A denúncia formal contra ele e mais 36 pessoas deve acontecer no início do ano que vem.

O cálculo considera as penas máximas possíveis que podem ser aplicadas caso ele seja condenado pelos três crimes: 28 anos. Além disso, a Lei da Ficha Limpa deve ser aplicada, estendendo em mais 8 anos a inelegibilidade de Bolsonaro.

A Lei da Ficha Limpa aplica a inelegibilidade após o cumprimento da pena como uma forma de garantir que pessoas que cometeram crimes graves não possam se candidatar a cargos eletivos por um período adicional.

Uma pena criminal (como prisão, multa ou outro tipo de sanção) tem como objetivo punir pelos crimes cometidos. Já a inelegibilidade é uma medida preventiva, que visa impedir que alguém com histórico de condenação por crimes graves exerça cargos públicos.

Dessa forma, o ex-presidente corre o risco de ficar impedido de concorrer a cargos eletivos até 2061, quando ele terá 106 anos de idade. Atualmente, Bolsonaro tem 69 anos.

Se condenado considerando as penas mínimas dos três crimes, o ex-presidente pode ficar inelegível por 19 anos (11 anos pelos crimes listados e mais 8 anos considerando a Lei da Ficha Limpa).

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Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal pela tentativa de golpe de Estado no fim de 2022, após a derrota do ex-militar na campanha eleitoral daquele ano. A Procuradoria-Geral da República (PGR) só deve apresentar em 2025 a denúncia formal esse grupo.

O relatório da PF ainda está no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e só deve ser enviado para análise de Paulo Gonet na próxima semana.

O documento tem quase 900 páginas que serão analisadas pela PGR. Pela complexidade e número grande de envolvidos, a equipe de Gonet deve precisar de dois a três meses para enviar uma eventual denúncia.

O pedido de indiciamento marca a conclusão da investigação, que focou nos responsáveis pela incitação, financiamento e organização dos acampamentos em frente aos quartéis do Exército, montados logo após a divulgação do resultado das eleições de 2022, quando Bolsonaro foi derrotado na tentativa de reeleição.

As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:

  • Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
  • Núcleo Responsável por Incitar Militares a aderirem ao Golpe de Estado;
  • Núcleo Jurídico;
  • Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
  • Núcleo de Inteligência Paralela;
  • Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

Veja a lista completa de indiciados:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros (Capitão reformado do exército)
  • Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva (Coronel do Exército)
  • Alexandre Rodrigues Ramagem (Deputado Federal e ex-chefe da Abin)
  • Almir Garnier Santos (Ex-comandante da Marinha)
  • Amauri Feres Saad (Advogado)
  • Anderson Gustavo Torres (Ex-ministro da Justiça)
  • Anderson Lima De Moura (Coronel do Exército)
  • Angelo Martins Denicoli (Major da reserva do exército)
  • Augusto Heleno Ribeiro Pereira (General da reserva e ex-chefe do GSI)
  • Bernardo Romao Correa Netto (Coronel do Exército)
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (dono do Instituto Voto Legal)
  • Carlos Giovani Delevati Pasini (Coronel da reserva)
  • Cleverson Ney Magalhães (Coronel do Exército)
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira (General da reserva)
  • Fabrício Moreira De Bastos (Coronel da reserva)
  • Filipe Garcia Martins (Ex-assessor de Bolsonaro)
  • Fernando Cerimedo (Marqueteiro político)
  • Giancarlo Gomes Rodrigues (Subtenente do Exército)
  • Guilherme Marques De Almeida (Tenente-coronel do exército)
  • Hélio Ferreira Lima (Tenente-coronel do exército)
  • Jair Messias Bolsonaro (Ex-presidente da República)
  • José Eduardo De Oliveira E Silva (Padre)
  • Laercio Vergilio (General da reserva)
  • Marcelo Bormevet (Policial Federal)
  • Marcelo Costa Câmara (Coronel do exército e ex-assessor de Bolsonaro)
  • Mario Fernandes (General da reserva)
  • Mauro Cesar Barbosa Cid (Tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)
  • Nilton Diniz Rodrigues (General de brigada do Exército)
  • Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho (Jornalista)
  • Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira (General da reserva e ex-ministro da Defesa)
  • Rafael Martins De Oliveira (Tenente-coronel do Exército)
  • Ronald Ferreira De Araujo Junior (Tenente-coronel do Exército)
  • Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros (Tenente-coronel do Exército)
  • Tércio Arnaud Tomaz (Ex-assessor de Bolsonaro)
  • Valdemar Costa Neto (Presidente do PL)
  • Walter Souza Braga Netto (General da reserva, ex-ministro e candidato a vice em 2022)
  • Wladimir Matos Soares (Policial Federal)

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É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.