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Fome atinge 8,4 milhões de brasileiros, aponta relatório da ONU

Dados divulgados nesta quarta-feira mostram avanço do Brasil em relação ao combate a fome, apensar dos dados ainda alarmantes

População mais pobre sofre com a fome

Um relatório divulgado nesta quarta-feira (24) pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que 8,4 milhões de brasileiros ainda passam fome. O número representa 3,9% da população brasileira, o que mantém o país no Mapa da Fome.

O relatório também indica que cerca de 6,6% da população brasileira vive em situação de insegurança alimentar severa, o que significa, em números absolutos, que 14,3 milhões de brasileiros não sabem quando e como farão a próxima refeição.

A condição, de acordo com a ONU, representa a fome concreta que, se mantida regularmente, leva a prejuízos graves à saúde física e mental, sobretudo na primeira infância, no desenvolvimento e na formação cognitiva.

O Brasil havia saído do Mapa da Fome em 2014, e se manteve dessa forma até 2018, quando voltou a figurar na lista de países que enfrentam situação crônica de falta de alimentos. Com os resultados divulgados nesta quarta, o Brasil se mantém no Mapa da Fome.

O relatório alerta que não solucionar o problema da fome no mundo, até 2030, significa que milhões de pessoas continuarão subnutridas, milhões serão empurradas para crises ou níveis piores de insegurança alimentar aguda, e progressos insuficientes serão feitos para alcançar todas as metas globais de nutrição. “Abordar as repercussões sociais, econômicas e ambientais desse fracasso custará vários trilhões de dólares”, diz um trecho do relatório.

Governo comemora avanços

Apesar dos dados ainda preocupantes, o Brasil registrou avanços em relação aos últimos anos. O estudo mostra que a insegurança alimentar severa caiu de 8,5%, no triênio 2020-2022, para 6,6%, no período 2021-2023, o que corresponde a uma redução de 18,3 milhões para 14,3 milhões de brasileiros nesse grau de insegurança alimentar.

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Em números absolutos, quatro milhões de pessoas saíram da insegurança alimentar severa na comparação entre os dois períodos de três anos. No entanto, como o indicador da FAO é uma média trienal, o governo alega que ele não permite ver claramente o impacto de 2023 na trajetória de superação da fome no país, já que, no seu resultado, ainda pesam dados de 2021 e 2022.

Os dados foram comemorados pelo governo brasileiro, que pretende lançar nesta quarta-feira um acordo para o combate à fome global. Conforme o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a redução de pessoas em situação de fome demonstra que o trabalho brasileiro está no caminho certo.

“Os dados das Nações Unidas indicam que estamos no caminho certo. Em apenas um ano de governo, reduzimos a insegurança alimentar severa em 85%. Tiramos 14,7 milhões de brasileiros e brasileiras dessa condição”, afirmou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.

Globalmente, os dados sobre a fome mostra que não houve nenhum grande avanço na luta contra a fome. A estimativa é que 733 milhões de pessoas no mundo estavam em situação de fome em 2023, praticamente o mesmo número apontado na edição 2022: 735 milhões de pessoas.

Segundo as projeções do relatório, a serem mantidas as tendências, 582 milhões de pessoas ainda estarão cronicamente desnutridas em 2030. A África continua a ser a região com a maior proporção da população que enfrenta a fome (20,4%, em comparação com 8,1% na Ásia, 6,2% na América Latina e Caribe, e 7,3% na Oceania). No entanto, a Ásia abriga mais da metade das pessoas que enfrentam a fome no mundo.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio