A Justiça de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, aceitou denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra a
A mulher responderá à Justiça pelo crime de intolerância religiosa. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Michelle relacionou a tragédia no Rio Grande do Sul ao número de “terreiros de macumba” existentes no estado.
“Não sei se vocês sabem, mas o Estado do Rio Grande do Sul é um dos Estados com o maior número de terreiros de macumba. Mais que a Bahia. E em algumas igrejas, alguns profetas já estavam anunciando sobre algo que iria acontecer no Rio Grande do Sul, devido à ira de Deus mesmo. As pessoas estão brincando e muitos inocentes pagam o preço junto, infelizmente, misturando aquilo que é santo, e as pessoas estão abusando disso”, disse em uma publicação que viralizou.
Em seguida, ela disse que o fato teria “consequência”. “Deus não divide sua honra com ninguém e isso vai ter consequência. Já está tendo consequência lá no Rio Grande do Sul. Por quê foi o Rio Grande do Sul e não foi o Estado de Santa Catarina?”, questionou a influenciadora.
“O suporte probatório que lastreia a peça acusatória é capaz de evidenciar a justa causa para instauração da ação penal em desfavor da denunciada, a materialidade e os indícios de autoria do fato noticiado nestes autos, o qual, em tese, constitui infração penal”, disse o juiz da decisão.
A Justiça negou, no entanto, os pedidos do MPMG quanto a fixação de medidas cautelares. O Ministério Público pediu que o Judiciário proibisse a influenciadora de fazer novas postagens “afetas à macumba, terreiros, religião de matriz africana e conteúdo de fake news, que desinformam, acerca da tragédia climática no Rio Grande do Sul"; o MP também pediu que ela fosse proibida de deixar o país sem autorização judicial e que mantivesse seu endereço atualizado nos autos.
O juiz argumentou, no entanto, que os fatos não foram cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa e, por isso, as medidas cautelares não poderiam ser autorizadas. Por fim, ele também negou que o processo fosse colocado em sigilo.
Para a promotora de Justiça Ana Bárbara Canedo Oliveira, além de praticar o crime, Michele Dias Abreu também induziu outras milhares de pessoas à discriminação, ao preconceito e à intolerância contra as religiões de matriz africana.
A agora ré Michelle Dias Abreu chegou a pedir desculpas pelas declarações preconceituosas, dois dias depois da publicação do vídeo original.
“Na verdade, eu me expressei mal, as palavras, eu não quis de forma alguma ofender as pessoas por causa da religião. A religião é uma opção individual de cada um. Baseado naquilo que eu falei, eu queria pedir perdão se eu magoei as pessoas com relação à opção delas. Não tem nada a ver com o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. Pelo contrário, a gente está muito triste, está orando por isso para que as pessoas consigam retomar a vida delas. Mas eu queria retratar, deixar registrada minha retratação, porque na verdade eu me expressei mal”, afirmou em um novo vídeo publicado no dia 7 de maio.