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‘Rachadinha': em defesa, Janones ataca ex-assessor, cita Queiroz e diz ser vítima de ‘perseguição política’

‘Não se tratava de devolver salários, mas de contribuições espontâneas, com a participação do parlamentar’, diz o deputado

O deputado André Janones (Avante-MG) posa para fotos em frente ao seu Gabinete, em Brasília (DF), em 2021

Enrolado em uma denúncia de suposta “rachadinha” em gabinete, o deputado André Janones (Avante-MG) apresentou defesa prévia ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira (24). No documento, o parlamentar mineiro ataca o ex-assessor Cefas Luiz Paulino, cita Fabrício Queiroz (que teria supostamente participado de esquema semelhante com o senador Flávio Bolsonaro) e diz que é vítima de “perseguição política”.

Janones é alvo de um pedido de cassação apresentado pelo Partido Liberal (PL). O deputado é acusado de cobrar dos funcionários de seu gabinete o recebimento de parte dos salários deles em 2019. Áudios em que o parlamentar supostamente pede fatias dos vencimentos dos servidores foram divulgados em novembro. Na gravação, Janones diz que os assessores precisam ajudá-lo a pagar dívidas de campanha.

“A motivação é tão somente política e fica comprovada pelas declarações do hoje ex-assessor”, diz Janones.

O deputado diz que as acusações de “rachadinha” foram feitas com base em um áudio editado e descontextualizado, “não de um parlamentar com seus assessores, mas de um grupo político que visava se fortalecer para disputar eleições”.

“Não se tratava de devolver salários, mas de contribuições espontâneas, com a participação do parlamentar, sem quaisquer obrigação ou valores definidos, como fica claro no áudio apresentado.”

Ainda na defesa, Janones cita Fabrício Queiroz, ex-assessor da família Bolsonaro. Ele cita a denúncia de suspotas práticas de lavagem de dinheiro e de rachadinha chefiada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Janones apresenta no documento um ‘print’ de uma conversa entre Cefas e Queiroz.

Por fim, Janones diz que as acusações são anteriores ao atual mandato, “tendo começado as falsas denúncias assim que um dos ex-assessores foram exonerados, ainda em 2022, antes mesmo de passar pelas urnas”.

STF
Além da representação na Câmara, André Janones também deve se defender no Supremo Tribunal Federal (STF). Em dezembro do ano passado, o ministro Luiz Fux autorizou a abertura de um inquérito para investigar a suposta prática de rachandinha no gabinete do deputado.

Em fevereiro deste ano, Fux autorizou as quebras de sigilos bancário e fiscal de Janones e de outras cinco pessoas envolvidas no caso. O ministro atendeu a um pedido da Polícia Federal, que apontou que as apurações prévias sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do parlamentar. Para a PF, há inconsistências nos depoimentos dados por funcionários do deputado.

A Polícia Federal suspeita, inclusive, que parte dos valores recolhidos pelo deputado mineiro no suposto esquema possa ter custeado a campanha eleitoral de Leandra Guedes Ferreira à Prefeitura de Ituiutaba, em 2020. Leandra, que é ex-mulher do parlamentar, venceu a disputa em questão.

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É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.