Belém. O cacique caiapó Raoni Metuktire quer o Nobel da Paz. O feito seria inédito. Um brasileiro nunca ganhou o prêmio, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu apoiar a indicação do ativista internacionalmente reconhecido pela luta histórica na proteção das populações indígenas brasileiras. “Conheço muita gente que ganhou o Nobel da Paz. Muita gente que ganou sem merecer. Em 1974, o Brasil tinha um homem que merecia o prêmio: o cardeal de São Paulo, dom Evaristo Arns”, disse. “Ele não ganhou porque brigava com o regime militar. Hoje, posso dizer, não tem ninguém que mereça ganhar o prêmio Nobel mais que você, Raoni, pelo que você fez nessa passagem pelo planeta”, afirmou.
A declaração de Lula em apoio à candidatura do cacique caiapó ocorreu durante encontro com Raoni Metuktire e o presidente da França, Emmanuel Macron, na Ilha do Combu, em Belém. O presidente brasileiro participou da condecoração do líder indígena pelo mandatário europeu. O cacique recebeu a Legião da Honra, maior honraria concedida pela França, nesta terça-feira (26). “Espero que se depender do Macron você também ganhe. Ele pode dar uma conversadinha aqui, outra ali, na Suíça, na França, com a rainha”, brincou Lula. “Para que a gente consiga, pela primeira vez, ter um indígena com mais de 90 anos recebendo o prêmio Nobel da Paz. Você merece, os indígenas brasileiros merecem”, acrescentou o presidente.
Antes, ainda na cerimônia, o cacique pediu o apoio dos presidentes do Brasil e da França na campanha pelo prêmio. “Quero pedir para vocês, como pedi para você [Macron] na França, que me apoiem para que eu consiga o prêmio Nobel da Paz”, disse com apoio de um tradutor. O ativista indígena também cobrou a Lula apoio às causas dos povos originários, reforçando a pressão pela demarcação de territórios e a não construção da ferrovia Ferrogrão.
O nome do cacique Raoni como indicação ao prêmio concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel começou a ser ventilado em 2019. Historicamente, outros brasileiros também receberam indicações à honraria: Zilda Arns, Maria da Penha, Hebert de Souza, Josué de Souza e Chico Xavier estão entre eles.
Enviada especial a Belém.