O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi convocado a comparecer nesta sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde irá prestar esclarecimentos sobre os áudios vazados pela revista Veja. Na conversa, em tom de desabafo, o tenente-coronel do Exército faz críticas a Polícia Federal e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, alegando que foi coagido a depor.
O depoimento acontece no gabinete de Alexandre de Moraes, onde Cid será ouvido pelo desembargador Airton Vieira. Um representante da PF e da Procuradoria-Geral da República também participaram da oitiva. Para o depoimento, o STF determinou uma série de restrições à imprensa, que poderá não poderá acompanhar a oitiva e nem circular no andar da sala de audiências.
Cid deverá explicar ao STF o teor das falas vazadas onde aparece sugerindo que teria sido coagido a depor em desfavor de Bolsonaro, e que Moraes já teria a sentença pronta contra os acusados.
“Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, diz um trecho da conversa de Cid com um amigo.
Em outro trecho, ele disse ter se sentido coagido a depor, sendo acuado pelos agentes da Polícia Federal.
“Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam. E toda vez eles falavam: ‘Olha, a sua colaboração está muito boa’. Tipo assim, ele até falou: ‘Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por 9 negócios de vacina, 9 tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa e mais um termo lá. Só essa brincadeira são 30 anos pra você’. “Eu vou dizer pelo que eu senti: eles já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar. E eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem”, disse o tenente-coronel.
O que diz a defesa
Em nota, a defesa de Cid explicou que as gravações “parecem ser clandestinas” e que relatam um momento difícil de angústia pessoal, familiar e profissional vivido pelo tenente-coronel. Além disso, os advogados de Mauro Cid também negam que as comversas comprometeriam a “lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”, diz a nota.