Completando quatro dias na África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o premiê da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. O encontro aconteceu neste sábado (17), em Adis Abeba, na Etiópia, na véspera do início da Cúpula da União Africana. Conforme o Palácio do Planalto, na reunião bilateral, o primeiro-ministro palestino agradeceu o apoio do Brasil e repetiu o apelo por um cessar-fogo imediato para entrada de ajuda humanitária no território — principalmente em Gaza.
Shtayyeh contestou o número de mortos e feridos revelado à imprensa e afirmou para Lula que o cenário é pior que o imaginado. Segundo o premiê, 30 mil palestinos morreram na guerra com Israel, 70 mil estão feridos e outros 9 mil desapareceram nos escombros. O presidente brasileiro tornou a condenar os ataques perpetrados pelo Hamas, mas, admitiu a necessidade de um cessar-fogo e repetiu a defesa da criação de um Estado Palestino.
Minutos após o encontro, Lula discursou na abertura da cúpula das nações africanas e, citando o conflito entre Israel e Hamas, disparou críticas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. O petista também afirmou que a guerra na Ucrânia reforça a tese sobre a ineficácia da Organização das Nações Unidas (ONU).
Oposição contesta doação prometida por Lula a agência da ONU
Antes de chegar à Etiópia nessa sexta-feira (16), Lula esteve no Egito. Durante discurso na Liga Árabe, no Cairo, na quinta-feira (15), o petista prometeu que o Brasil faria uma doação para a agência da ONU para refugiados palestinos. A organização instaurou uma investigação interna para apurar denúncias sobre funcionários da agência suspeitos de participar dos ataques do Hamas em 7 de outubro, que deu início à nova etapa da guerra entre Israel e Palestina.
O apoio proposto pelo petista é alvo de críticas da oposição. Presidente do grupo parlamentar Brasil-Israel, o senador mineiro Carlos Viana (Podemos-MG) refutou a doação de Lula e declarou que a postura diplomática do Governo está na contramão do mundo. “O Brasil está se unindo e mantendo um discurso que, infelizmente, acaba nos colocando junto das nações menores. O presidente Lula está muito mal orientado pelo chanceler Celso Amorim”, afirmou. “O dinheiro que o presidente quer usar para aumentar as doações vai fazer falta aqui no Brasil, onde temos certeza que pode ser usado muito melhor”, completou.
O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) engrossou o coro crítico a Lula. “Lula anuncia aporte brasileiro à UNRWA [Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina], na contramão de diversos países que cancelaram recursos. É política de apoio ao crime ou desapreço claro à comunidade judaica e Israel?”, publicou.
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