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Caso Jéssica: políticos lamentam morte de jovem e retomam debate sobre regulamentação das redes sociais

Jéssica Vitória Canedo se suicidou após ter nome envolvido em uma publicação baseada em informações falsas nas redes sociais

Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio após ter o nome vinculado a uma informação falsa

A morte da jovem Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, supostamente relacionada à divulgação de uma informação falsa sobre o envolvimento dela com o humorista Whindersson Nunes, provocou debates e bate-boca entre políticos pelas redes sociais. Prints de uma falsa troca de mensagens entre os dois foram compartilhados pelo perfil Choquei e a jovem compartilhou que passou a receber xingamentos, ameaças e mensagens de ódio após o episódio.

Dentre os integrantes do governo federal, o ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida se manifestou, relembrando que esse é o segundo caso de suicídio de uma pessoa jovem neste mês “e que guarda relação com a propagação de mentiras e de ódio em redes sociais”.

Almeida criticou o que chamou de “irresponsabilidade de empresas que gerem as redes sociais” e retomou o debate sobre regulamentação das plataformas.

“Por isso, volto ao ponto: a regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento”, afirmou em uma publicação compartilhada no X (antigo Twiter).

“Nós vamos esperar mais quantas mortes para regulamentar as redes sociais e começar a responsabilização de usuários e das bigtechs?”, questionou o deputado federal André Janones (Avante-MG).

O parlamentar foi criticado por usuários da rede social, que resgataram um comentário feito por ele sobre a página Choquei em novembro do ano passado.

O líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu, defendeu a retomada da tramitação do Projeto de Lei 2630, conhecido como “PL das Fake News”, que estabelece uma série de regras e punições para as plataformas que mantiverem publicações baseadas em discurso de ódio nas redes.

“Precisamos avançar em 2024 na tramitação do PL 2630 - Fake News, isso deve ser prioridade já no início do ano para o parlamento”, disse.

Veja mais: Entenda os detalhes do PL das fake news

Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) gravou um vídeo sobre o assunto e, além de lamentar a morte da jovem, vinculou figuras ligadas à esquerda e ao governo federal, como a primeira-dama, Janja, e o próprio Janones, ao perfil. O bolsonarista disse, ainda, que iria acionar o Ministério Público Federal (MPF) para investigar o caso e pediu punição ao dono da página, Raphael Sousa.

Com o Ministério Público apurando, eu tenho certeza que o Whindersson e outras testemunhas virão à tona para colocar na cadeia quem tenha que ser colocado na cadeia. Inclusive, o MP pode adotar uma linha de investigação baseada no artigo 122 do Código Penal”, defendeu.

O artigo prevê pena de reclusão de dois a seis anos nos casos em que houver indução ou instigação para alguém cometer suicídio.

Nikolas criticou, no entanto, a defesa pela regulamentação das redes sociais.

“Não é regulamentação das redes. O que aconteceu não é mera fake news, foi difamação e isso tem tipificação no Código Penal”, concluiu.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.