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BR-381: desapropriações e alto custo de obras afastam empresas da ‘Rodovia da Morte’

Leilão da BR-381 que estava marcado para acontecer nesta sexta-feira (4) não teve empresas interessadas e foi adiado

Desapropriações, altos custos e desafios de engenharia são algumas das características que têm feito com que empresas não tenham interesse em administrar a BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares.

As informações foram apuradas pela Itatiaia com especialistas, fontes no governo federal e ligadas a empresas que atuam nos setores de concessão e mobilidade.

Nessa terça-feira (21), pela terceira vez, nenhuma empresa apresentou documentação demonstrando interesse em arrematar o lote da rodovia no leilão, que seria realizado na próxima sexta-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo.

Com isso, agora, o Governo Lula se junta aos Governos Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro, que também não conseguiram atrair empresas para assumir a concessão da rodovia neste trecho entre a capital mineira e a região do Vale do Rio Doce.

Especialistas apontam desafios

Especialista em logística, transporte e planejamento de operações, o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, afirma que a situação da rodovia é complexa e o contrato elaborado pelo Governo Lula não é atrativo.

“A questão da 381 é de uma complexidade muito grande. Porque pelo contrato de concessão, as empresas teriam que fazer uma desapropriação e o reassentamento de cerca de 800 famílias, antes mesmo de iniciar os investimentos. E a cobrança de pedágio só poderia ser feita um ano após os investimentos. Esses reassentamentos são extremamente complexos, portanto, é de altíssimo risco. A nossa sugestão é que o governo deveria realizar o reassentamento e as desapropriações antes de realizar a concessão”, analisa Resente.

Ex-secretário de Infraestrutura de Minas, professor da Fundação Getulio Vargas e especialista em concessões, Fernando Marcato, destaca que a duplicação da 381 é mais cara em relação a outras rodovias no país.

“A BR-381, juntamente com a BR-262 no sentido do Espírito Santo, são rodovias com um desafio na questão da geologia. O tipo de solo que essas rodovias têm é um tipo de solo desafiador e exige investimentos robustos. Para mitigar isso, o quilômetro da BR-381 fica mais caro para se duplicar em comparação com outras rodovias de estados do país. São duas formas de tentar resolver: alguns dos investimentos precisam ser jogados mais para frente, alongar no tempo os investimentos, e a outra é o governo aportar recursos dentro da concessão, como foi feito no Rodoanel”, explica o ex-secretário de Infraestrutura.

Após o esvaziamento do leilão desta semana, o Governo Lula descartou a possibilidade que o processo possa ocorrer neste ano. A gestão petista diz que vai retomar o diálogo com o Tribunal de Contas da União para criar as condições necessárias para tentar atrair empresas para o novo leilão que, segundo as projeções mais otimistas, pode ocorrer no primeiro semestre do ano que vem.

Sofrimento de motoristas

Recentemente, a Itatiaia ficou dois meses ouvindo o drama de quem passa pela 381, que por causa do grande número de acidentes, é conhecida como ‘Rodovia da Morte’. O caminhoneiro Júlio Lessa cita alguns dos muitos problemas da estrada.

“Descendo para o lado de João Monlevade nós gastamos um tanto de hora que nem acreditamos. Tudo muito ruim. Já era para ter sido feito acostamento nas pistas e não tem nada”, reclama Júlio Lessa.

Pneus estourados, rodas destruídas e acidentes envolvendo motoristas que tentam desviar dos buracos no asfalto. Essa é a realidade da BR-381. O borracheiro José do Carmo disse para Itatiaia que a rodovia provoca prejuízos e tira a paciência de quem passa por ela.

“Pneu fura, roda quebra, muita dor de cabeça. Já era. São R$ 3 mil para trocar um pneu, com o frete e o óleo caro do jeito que está, tem caminhoneiro que chega aqui e até desiste”, conta José.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.
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