Assessor do governo federal para assuntos internacionais, Celso Amorim diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve comparecer à posse de Javier Milei na presidência da Argentina. A cerimônia está marcada para 10 de dezembro.
“Do que eu conheço do presidente Lula, eu acho difícil que ele vá porque foi ofendido pessoalmente, mas o Estado brasileiro estará representado”, disse Amorim à jornalista Bela Megale, do jornal “O Globo”.
O assessor defende que o Brasil adote uma “relação de Estado” com o país vizinho diante da vitória de Milei, que tem perfil ultraliberal. “É possível ter relação boa, mesmo com presidentes de ideologias muito diferentes. Tudo depende da capacidade de colocar os interesses de Estado acima da preferência pessoal. Somos capazes disso. Vamos ver se o presidente eleito da Argentina também será, esperamos que sim.”
Durante a manhã desta segunda-feira (20/11), Javier Milei conversou com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em ligação de vídeo, o futuro líder argentino convidou o político brasileiro para a posse. Bolsonaro confirmou que irá ao evento. Celso Amorim avalia que a conversa “não tem reflexos para o governo brasileiro”.
Mais cedo, o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, defendeu que Javier Milei deve pedir desculpas a Lula antes do primeiro contato oficial entre eles. Para o ministro, o pedido de desculpas deve ser feito após Milei ofender o presidente brasileiro de “forma gratuita” ao longo da campanha eleitoral. “Eu não ligaria. Só depois que ele me ligasse para me pedir desculpas. Ofendeu de forma gratuita o presidente. Cabe a ele o gesto de ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar”, disse o ministro.
Em discursos, o então candidato argentino já havia falado sobre o presidente brasileiro e as futuras relações com o Brasil — principal parceiro comercial do país vizinho — se referindo ao petista como “ladrão”, “comunista furioso” e “ex-presidiário”.