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Taylor, RBD, Paul: agenda de shows é desafio para meta inflacionária do Brasil

Grandes turnês impulsionam essencialmente os segmentos hoteleiro e de transportes, que vêm registrando alta de preços nos últimos meses

A primeira leva de ingressos para as apresentações de Taylor Swift no Brasil se esgotou em cerca de 40 minutos. Um movimento semelhante aconteceu com os entradas para os shows do grupo mexicano RBD. O cantor Paul McCartney vai fazer oito shows em cinco cidades até dezembro. Os fãs ficam eufóricos, mas as passagens dos astros internacionais pelo Brasil podem interferir em um indicador econômico que não deu trégua nos últimos anos: a inflação.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) acumula uma alta de 4,82%. Esse resultado está ligeiramente acima do teto da meta estipulada pelo governo federal, que é de 4,75%. Pelo andar da carruagem, dado o peso dos resultados de segmentos diretamente relacionados às produções dos espetáculos, a meta pode não ser cumprida.

As grandes turnês impulsionam, essencialmente, os setores hoteleiro, de transportes (aéreo ou rodoviário), comércio e serviços populares. Só no Rio de Janeiro, para a primeira fase da The Eras Tour (de Taylor Swift) no Brasil, a ocupação hoteleira registra 93,54% de ocupação.

Somente em outubro, o preço das passagens aéreas subiu 23,7%, acumulando uma alta de 13,53% no ano. Serviços de hospedagem estão 10,03% mais caros em 2023.

A exemplo disso, o festival The Town - que estreou na capital paulista em setembro com show de Bruno Mars, Maroon 5 e Foo Fighters - impulsionou o setor de serviços prestados às famílias, que avançou 3%, recuperando parte das perdas de agosto (3,7%). Em termos inflacionários, somente na região metropolitana de São Paulo, as passagens aéreas e as hospedagens ficaram, em média, 18,35% e 2,61% mais caras em setembro, acima da média nacional do mês (0,26%).

E quando há muita procura por um produto e ele é escasso, os preços sobem - é o princípio básico da Lei da Oferta e da Procura. Ou seja, o burburinho de grandes eventos aumenta os preços. Os segmentos que já enfrentam alta de preços podem frear expectativas sobre a inflação deste ano.

O próprio Banco Central acredita que a meta não será alcançada neste ano. No último Relatório de Inflação, o órgão diz que a chance de o índice oficial superar o teto da meta, em 2023, é de 67%.

“Tudo isso é dinheiro movimentando a economia, mas que reflete em toda a cadeia”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

O especialista destaca que o calendário de grandes eventos já é consolidado no fim do ano no país. A exemplo disso está o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, realizado em novembro.

“Turismo é uma parte da economia que precisa ser movimentada. É uma indústria que a gente precisa explorar mais. Você vê, por exemplo, Europa e Estados Unidos. Mesmo em momentos de crise, em que a economia está parada, o movimento turístico é grande.”

Os grandes shows até o fim do ano:

  • Taylor Swift (The Eras Tour): ainda passa por Rio (18 e 19 de novembro) e São Paulo (24, 25 e 26 de novembro);

  • RBD (Soy Rebelde Tour): após passar pelo Rio, encerra agenda no Brasil em São Paulo, nos dias 18 e 19 de novembro;

  • Paul McCartney, turnê Got Back: Brasília (30 de novembro), Belo Horizonte (3 e 4 de dezembro), São Paulo (7, 9 e 10 de dezembro), Curitiba (13 de dezembro) e Rio de Janeiro (16 de dezembro).

  • Primavera Sound: festival na capital paulista nos dias 2 e 3 de dezembro, com shows de The Killers, The Cure, Pet Shop Boys, entre outros.

É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.
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