A convivência entre as pessoas em situação de rua de Belo Horizonte e os moradores das residências da cidade pautou a sessão desta quinta-feira (16) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que se debruça sobre a assistência dada aos desabrigados. Presidente da CPI,
“Existe um grande contrassenso em Belo Horizonte: temos vagas nos serviços de assistência social e, ao mesmo tempo, vemos tantas pessoas em situação de rua. Como explicar a um cidadão que paga o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que, de repente, uma pessoa pode se estabelecer no passeio, obstruindo a calçada, e nada se faz?”, afirmou.
A CPI tomou o depoimento de José Mauro Gomes, subsecretário de Fiscalização da Secretaria Municipal de Política Urbana. O setor comandado por Gomes é responsável por equipes multidisciplinares para verificar a situação dos desabrigados. Diferentemente dos times de assistência social, os grupos de fiscalização, que têm, por exemplo, guardas municipais e representantes da
“Todas as nossas abordagens são no sentido de mitigar e transformar o espaço ocupado em um espaço em que, pelo menos, a população consiga passar normalmente. Fazemos o recolhimento do que a portaria traz como inservíveis. A gente tem de convencer que aquilo é um inservível”, explicou, durante o depoimento.
Ocupação do espaço e direitos humanos
Dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apontam que cerca de 30% dessas ações de fiscalização acontecem em pontos das calçadas que abrigam propriedades privadas, como casas e edifícios.
Para Cruz, é preciso conciliar as leis que tratam da ocupação dos espaços públicos a mecanismos que garantem, por exemplo, os direitos humanos.
“Isso acaba incomodando muito mais as pessoas que têm um morador de rua em frente, mas, por outro lado, a calçada também é pública. Então, não podemos ter a ação de ir lá e, simplesmente, removê-los”, apontou.
Para Braulio Lara, o poder público deve trabalhar para entender porque nem todos os cidadãos em situação de rua aceitam ir para os abrigos.
“A vida na rua é indigna. Não acredito que as pessoas vão ter, nas ruas, uma vida melhor do que estando abrigada pelos bons serviços que a prefeitura tem, estruturados, no campo da assistência social”, opinou.