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‘CPI da Pampulha estragou nosso relacionamento’, diz Gabriel Azevedo sobre Fuad Noman

Presidente da Câmara de BH falou sobre acidentada relação com o prefeito da cidade e garantiu estar disposto a retomar diálogo

Relação entre presidente da CMBH e prefeito tem sido marcada por embates públicos

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo (sem partido), acredita que o tumultuado fim da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha “estragou” o relacionamento com o prefeito Fuad Noman (PSD). O acidentado convívio político entre eles tem sido permeado por embates desde que Gabriel assumiu a chefia do Legislativo, em dezembro do ano passado. Há um mês, em meio a novas divergências, Fuad descartou qualquer possibilidade de se reunir com o vereador.

À Itatiaia, nessa sexta-feira (20), Gabriel falou a respeito da relação com Fuad.

“Sinto que a CPI da Pampulha estragou nosso relacionamento. Houve uma intervenção, ali, na participação da CPI da Pampulha, que estava investigando contratos. Infelizmente, a lagoa continua fedendo e a CPI terminou sem resultado. Fiquei muito chateado, no que resultou, também, em falas minhas das quais pedi desculpas. Mas sinto que ali, infelizmente, nossa relação estremeceu”, disse.

A comissão apurava possíveis irregularidades nos contratos firmados para a limpeza do espelho d’água. A CPI, encerrada em julho, terminou sem apresentar conclusões formais devido a um impasse entre vereadores sobre o conteúdo do relatório final.

À época, Gabriel chegou a acusar a vereadora Flávia Borja, do PP, de ter “preço na testa” depois de ter desistido de apresentar um relatório com conclusões a respeito das investigações. Ela cobrou uma retratação pública do presidente da Câmara.

“Gostaria que (a relação com Fuad) estivesse muito melhor. É impensável uma cidade em que o prefeito se recusa a conversar com o presidente da Câmara”, continuou Gabriel Azevedo.

Embora Fuad tenha sinalizado não possuir a intenção de se reunir com Gabriel por ora, o presidente da Câmara de BH garantiu estar disposto a conversar com o chefe do Executivo.

“Não é questão dele gostar de mim ou de eu gostar dele. E até, tenho certeza, uma relação que já se estabeleceu com carinho entre ambos. Mas, independentemente dele gostar de mim ou não, sou o presidente da Câmara, o chefe do poder Legislativo. A cidade precisa dos dois poderes harmônicos e independentes entre si”, falou.

A negativa de Fuad

A Prefeitura de BH foi procurada pela reportagem após as declarações de Gabriel, mas informou que Fuad não vai comentar as falas. No mês passado, porém, o pessedista adotou tom crítico ao tratar do parlamentar.

“Não tenho problema de receber vereador aqui, não. Não estou pronto, preparado, e nem estou querendo, receber o presidente da Câmara. Porque o presidente da Câmara só tem me ofendido e só tem gravado todo mundo que fala. Não vou fazer uma reunião com uma pessoa que grava todo mundo com quem conversa e que não cumpre nada que promete”, protestou.

A queixa sobre Gabriel “gravar” conversas remonta à divulgação do áudio de um diálogo entre ele e o corregedor da Câmara Municipal, Marcos Crispim (Podemos). Na ligação telefônica em questão, eles conversam a respeito de uma denúncia apresentada pelo PDT contra o presidente da Câmara, que havia chamado de “lambe-botas” o vereador trabalhista Wagner Ferreira.

“Os vereadores que não gravam ninguém, recebo sem problema nenhum. (Podemos) marcar um por um que quiser vir aqui. Com muito prazer. O presidente, prefiro ter com ele uma relação institucional, mas sem muita proximidade”, completou, à ocasião.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.