A CPI da Lagoa da Pampulha, que desde o dia 16 de dezembro discute os problemas do principal cartão postal da capital mineira, terminou sem uma conclusão.
Depois de seis meses de trabalhos, 50 horas de reuniões, 20 mil páginas de documentos, mais de 30 oitivas, além de audiências públicas e visitas técnicas, os vereadores não aprovaram nenhum relatório final. Segundo os próprios parlamentares, a CPI ‘terminou em pizza’ - expressão usada para apontar que a comissão não teve resultados práticos.
O texto final do relator da CPI, vereador Bráulio Lara (Novo) foi rejeitado por quatro votos a três na sessão de terça-feira (11). Horas depois, a vereador Flávia Borja (PP) apresentou um relatório alternativo.
No entanto, na manhã desta quarta-feira (12), Flávia retirou seu relatório, aumentando o impasse na comissão. A decisão gerou indignação de vereadores e comemoração por parte de representantes de setores técnicos. Houve bate-boca e troca de xingamentos entre vereadores e representantes dos servidores.
‘Manobra da PBH’
Sem a votação do relatório final, o relator da CPI, vereador Bráulio Lara, afirmou que vai levar seu texto para o Ministério Público.
O presidente da Câmara, vereador Gabriel Azevedo (sem partido) disparou contra colegas afirmando que, para retirar o texto da reunião final, alguns vereadores teriam recebido favores políticos.
“Se tem uma coisa que fede mais que a lagoa da Pampulha é a sala do secretário Josué Valadão. Ele interferiu na Câmara, como tem feito sempre, e interferiu na CPI”, afirmou Azevedo. “Vou com o Bráulio Lara ao Ministério Público e não vamos desistir da Lagoa da Pampulha. Essa história ainda não terminou aqui na Câmara Municipal”, afirmou o vereador.
‘Injustiça contra servidores’
O vereador Wagner Ferreira (PDT) afirmou que o relatório final de Bráulio Lara não foi baseado em dados técnicos e que apresentava falhas, principalmente, ao apontar injustiças contra pessoas erradas. Ele disse ainda que não houve manobras, mas negociações entre o governo e parlamentares.
“Era um relatório injusto. Não havia comprovação de crimes dos indiciados. Diante dessa injustiça, não houve um relatório a ser apresentado”, afirmou Ferreira. O vereador afirmou que o trabalho da CPI deve ser considerado e as prefeituras vão atuar para dar sequência aos trabalhos de limpeza da lagoa.
“A vereadora Flávia Borja retirou o relatório porque considerou que não havia elementos suficientes para indiciar esses servidores. Ela viu que se esse relatório fosse mantido seria uma grande injustiça”, afirmou Ferreira.
Para o relator da CPI, vereador Bráulio Lara, mesmo não conseguindo aprovar o relatório, as informações serão passadas ao Ministério Público que pode tomar novas providências.
“Foram seis meses de trabalho muito sério, dados e comparações de gráficos, relatórios técnicos, oitivas, tudo isso foi jogado no lixo pela prefeitura de BH. A pizza foi assada, mas não vamos comer nenhum pedaço dessa pizza. Essa pizza que cheira esgoto vai ficar só para alguns que fizeram parte dessa palhaçada”, afirmou Lara.
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a PBH para comentar as declarações de Gabriel Azevedo e Bráulio Lara, mas até a publicação desta matéria não houve um posicionamento.