Donas de casa, profissionais liberais, estudantes e cidadãos das mais diversas profissões que saíram de casa cedo para ajudar a escolher os novos conselheiros tutelares da capital mineira, se depararam com cenários de filas, reclamações, desinformação e lentidão nos locais de votação. Uma eleitora, que não quis se identificar, relatou à Itatiaia que na Escola Municipal Senador Levindo Coelho, no bairro Serra, pela manhã, a situação era caótica. “Colocaram até cadeira na fila para as pessoas sentarem. O sistema é bom, sob responsabilidade da Prodabel. O problema é que, por algum motivo, os computadores locais estão travando e aí as urnas param de funcionar”. Outra reclamação semelhante veio do bairro Tupi, da Escola Municipal Francisco Campos. “Sistema de votação travado e filas enormes”, disse à Itatiaia outra eleitora.
A vice-presidente da Comissão de Defesa da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção MG, Bárbara Mascarenhas, disse que na Escola Municipal Emídio Berutto, no bairro Santa Inês, muitas pessoas, mesmo com o comprovante de endereço em mãos, estavam sendo impedidas de votar. “Uma delas levou o comprovante em nome do marido e a Certidão de Casamento e mesmo assim, não conseguiu votar. Isso está errado. Participei de uma audiência na Câmara em que ficou decidido que haveria uma ‘boa fé' com o eleitor”, relatou Bárbara. Ela também disse ter ouvido dos próprias pessoas que estavam trabalhando nas eleições que elas estavam com muitas dúvidas e não haviam ninguém para ajudá-las a sanar”.
Questionada sobre se já havia elementos suficientes que justificassem um pedido de anulação do pleito, a vice-presidente respondeu: “estamos reunindo provas e argumentos para isso. Essa eleição precisa ser invalidada porque foi mal organizada e esse tema é muito sério, precisa ser tratado com a mais absoluta seriedade e respeito. Essa eleição, para mim, é mais importante do que para a presidência da república”, falou. Outros problemas relatos por Bárbara, na Escola do bairro Santa Inês, e outras escolas foram a falta de filas preferencias para idosos e deficientes físicos e a desinformação, com muita gente indo embora pra casa sem conseguir votar.
O cidadão Jorge Carlos Barbalho relatou à Itatiaia cenário semelhante Escola Municipal Helena Antipoff no Barreiro. Ele disse que procurou saber porque a fila não andava e foi informado apenas que o “sistema estava travando”. Quando voltava, funcionava dois minutos e parava novamente. “Muita gente está desistindo de votar e indo embora. Um caos total. Jorge disse que também ligou para o TRE para obter informações e foi informado que “o órgão apenas emprestou as urnas e não poderia fazer nada”.
BH, ao contrário de outras cidades, não está utilizando as urnas eletrônicas para o processo de escolha dos conselheiros tutelares. As eleições de novos conselheiros tutelares acontecem, simultaneamente, em todas as cidades do país.
Nove regionais aguardam os novos conselheiros
Cada uma das nove regionais terá cinco conselheiros tutelares titulares, além de um suplente. Ao todo 45 novos representantes serão escolhidos, sendo cinco por regional, e mais nove suplentes, totalizando 54 pessoas que vão trabalhar pela proteção das crianças e adolescentes na capital mineira nos próximos quatro anos.
O subsecretário de Direitos de Cidadania, Thiago da Costa, pede que a população fique atenta aos candidatos e suas propostas: "É importante que a cidade conheça os candidatos e os locais de votação e, principalmente, esteja atenta aos documentos que devem ser apresentados e que são obrigatórios no momento da votação”.
Ao todo, 112 candidaturas foram aceitas. A lista com todos os candidatos aos Conselhos Tutelares de BH está disponível no
Procurada pela Itatiaia, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que, por volta das 10h, identificou problemas técnicos apresentados no sistema de comunicação da Prodabel que resultaram no atraso no processo de votação para os conselhos tutelares. “Técnicos da Prodabel estão empenhados na solução de todas as questões pontuais que possam surgir, garantindo um processo democrático e transparente. Cabe destacar que a utilização da votação em cédulas de papel, de acordo com o edital que rege o Processo de Escolha, seria adotada em caso de interrupção do sistema por 60 minutos seguidos, o que não se concretizou em nenhuma das seções”.
TRE
Sobre a votação, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) esclarece que dos 853 (oitocentos e cinquenta e três) municípios mineiros, apenas 381 (trezentos e oitenta e um), tiveram as eleições dos Conselhos Tutelares apoiado pelo tribunal.
Esclarecemos ainda que Belo Horizonte não está realizado votação com a utilização de urna eletrônica. Ressaltamos que a responsabilidade pelas eleições, cabe a cada um dos Conselhos Tutelares no âmbito de seu município, sendo que a atuação do TRE-MG foi preparação e empréstimo das urnas, para aqueles 381 munícipios acima referidos”.