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Após Toffoli anular provas contra Lula, AGU vai apurar possíveis desvios na Lava-Jato

Advocacia-Geral da União anunciou a criação de força-tarefa pedida pelo ministro do STF em decisão que chama de ‘armação’ a detenção do atual presidente da República

Advocacia-Geral da União é chefiada por Jorge Messias

A Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou, nesta quarta-feira (6), que vai criar uma força-tarefa para apurar possíveis desvios na Operação Lava-Jato. O grupo será formado a reboque de determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mais cedo, Toffoli anulou as provas obtidas por meio do acordo de leniência da Odebrecht e chamou de “armação” a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A criação da força-tarefa foi anunciada às 11h06 pela AGU, no site oficial da entidade. Vai caber, à comissão, analisar a conduta de procuradores da República e integrantes do Judiciário no desenrolar dos casos ligados à Lava-Jato.

“Uma vez reconhecido os danos causados, os desvios funcionais serão apurados, tudo nos exatos termos do que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal”, disse Jorge Messias, advogado-geral da União.

Vale lembrar que dois agentes que, hoje, atuam nas instâncias políticas, estiveram ligados à Lava-Jato. São eles o ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que se elegeu deputado federal pelo Podemos paranaense, mas teve o mandato cassado.

Em sua decisão, Dias Toffoli diz que a prisão de Lula, ocorrida em 2018, foi “o ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições”. O petista ficou detido de abril daquele ano até novembro de 2019, quando o STF mudou o entendimento sobre as prisões em segunda instância.

“Tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem. Digo sem medo de errar (a prisão de Lula), foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF. Ovo esse chocado por autoridades que fizeram desvio de função, agindo em conluio para atingir instituições, autoridades, empresas e alvos específicos”, lê-se em trecho do despacho do ministro.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.